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No aniversário de 20 anos da morte do cientista
considerado "pai da genética moderna", conheça quem foi Jérôme
Lejeune e os avanços que suas descobertas possibilitaram em relação à Síndrome
de Down. Em 1962 o professor Jérôme Lejeune, era o
diretor de Genética Humana da Universidade de Paris.
Cientista e santo da Igreja Católica.
Ao longo da história são raros os casos em que
essas qualificações se aplicaram à mesma pessoa. Até porque, para muitos, fé e
ciência são incompatíveis. Por seus estudos de genética e por ser um defensor
das causas da Igreja, Jérôme Jean Louis Marie Lejeune foi um dos poucos homens
a transpor essa barreira. Morto aos 68 anos, vítima de um câncer, em 3 de abril
de 1994, há exatos 20 anos, o médico francês poderá ser canonizado em breve
pela Igreja.
Lejeune, o pai da genética moderna.
Jérôme Lejeune nasceu em Montrouge, na França, em 1926. Foi pediatra, professor de genética e cientista, e seu nome é sempre lembrado em função de sua descoberta da origem da Síndrome de Down: uma anomalia no cromossomo 21, que gera a trissomia 21, como também é chamada. Foi em 1958, após seis anos de carreira, que o francês conseguiu revelar fotos de cromossomos em seu laboratório e expôs uma hipótese sobre a influência deles como causa da Síndrome de Down. Na época, o cientista estudou o caso de três meninos portadores, para comprovar sua hipótese que, foi, aliás, a primeira na história a estabelecer um vínculo entre um estado de deficiência mental e uma aberração cromossômica.
"A
Síndrome de Down já havia sido descrita por John Langdon
Down, quase 100 anos antes. Lejeune identificou a alteração genética
responsável pelo quadro, o que possibilita a realização do diagnóstico
laboratorial pelo cariótipo. Isto quase anula a possibilidade de erro
diagnóstico, e também tornando viável o aconselhamento genético para os
pais", explica a médica geneticista do Ambulatório de Diagnóstico da Apae
de São Paulo, Dra. Fabíola Paoli.
Segundo
a médica, as pesquisas de Jerome Lejeune, não só direcionadas para a Síndrome
de Down, foram capazes de pavimentar o caminho para a descoberta de muitas
outras aberrações que ocorrem com certa frequência. Após quase 60 anos da
descoberta do francês, portadores de Down possuem uma qualidade de vida
melhor - vivendo quase 50 anos a mais do que na década de 1940 (hoje, a
expectativa de vida está entre 60 e 70 anos e na época era de, no máximo, 18
anos).
Outros
avanços nesta área também aconteceram em relação à conscientização,
estímulo e de acompanhamento das crianças com síndrome de Down. No Brasil,
desde 2012, o Ministério da Saúde publicou um manual com diretrizes para
a Atenção à Saúde da Pessoa com Síndrome de Down no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS) - um grande passo para as famílias e os portadores.
Um cientista contra o aborto
Por causa da descoberta da anomalia no cromossomo 21 e de outras realizadas depois, Lejeune é chamado de “pai da genética moderna”, obtendo, ainda em vida, entre várias honrarias e títulos, os de doutor Honoris Causa das universidades de Düsseldorf (Alemanha), Pamplona (Espanha), Buenos Aires (Argentina) e da Pontifícia Universidade do Chile. O “pai da genética moderna” era também membro da Academia de Medicina da França, da Academia Real da Suécia, da American Academy of Arts entre outras. Ele ainda participou e presidiu comissões internacionais da ONU e OMS.
Como
cientista, ganhou prêmios pelos seus trabalhos sobre as patologias
cromossômicas, entre os quais o Prêmio Kennedy em 1962, que recebeu diretamente
das mãos do presidente John F. Kennedy. Apesar de todos os títulos e
descobertas importantes para a ciência, o médico francês nunca chegou a ganhar
um Prêmio Nobel. Lejeune chegou a falar que perdera este prêmio por ser um
cientista que se posicionava contra o aborto, aliás, afirmava ser “a favor
da vida”.
“Se
um óvulo fecundado não é, por si só, um ser humano, ele não poderia se tornar um,
pois nada é acrescentado a ele”, defendia o cientista. O Papa João Paulo II visitou em 1997 o
túmulo do professor Lejeune, que morreu em 1994. O cientista descobridor
da trissomia 21 foi oponente do aborto e ativista da Igreja. Em 1971, quando fez um discurso contra o
aborto no National Institute for Health, mandou uma mensagem à
sua esposa dizendo: “hoje perdi meu Prêmio Nobel”. Católico
fervoroso, o geneticista era amigo pessoal do Papa João Paulo II, que fez
questão de visitar seu túmulo em Paris e que, por várias vezes, foi visto com o
cientista.
A poucos passos da santidade
Apesar de não ter recebido o prêmio Nobel, Lejeune poderá receber um dos maiores "prêmios" da humanidade: quase sete anos depois da abertura da causa de beatificação e canonização (realizada em junho de 2007) e vinte anos depois de seu falecimento, a etapa diocesana - que consiste em um trabalho de instrução e análise do "servo de Deus", realizado por voluntários, peritos, historiadores, cientistas e teólogos - foi finalizada. Agora, o processo de santificação passará por nova fase e será analisado no Vaticano. Caso seja considerado santo, Jérôme Lejeune fará parte do raro time daqueles que defendiam tanto a Ciência, quanto a religião. Em mais de dois mil anos, o pai da genética moderna poderá estar entre os 12 médicos santos da Igreja.
Diácono Valney
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