quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O que a Igreja diz sobre o uso de células-tronco?

 


De forma simplificada, células-tronco ou células estaminais são primitivas 

ou indiferenciadas produzidas durante o desenvolvimento do organismo,

 elas dão origem a outros tipos de células. As células-tronco têm a

 capacidade de se transformar, num processo também conhecido por

 diferenciação celular, em outros tecidos do corpo, como ossos, nervos,

 músculos e sangue. É um tipo de célula que pode se diferenciar e

 constituir diferentes tecidos no organismo.

As células-tronco são objetos de intensas pesquisas, pois poderiam,

 no futuro, funcionar como células substitutas em tecidos lesionados

 ou doentes, como nos casos de Alzheimer, Parkinson e doenças

 neuromusculares em geral, ou ainda, no lugar de células que o organismo

 deixa de produzir por alguma deficiência, como no caso de diabetes.

Onde as células-tronco podem ser encontradas?¹

Elas podem ser encontradas nos embriões. Também podem ser

 encontradas em pessoas adultas, tecidos humanos, cordão umbilical

 ou mesmo na medula óssea. Várias pesquisas em andamento 

sinalizam para a possibilidade de utilização de células-tronco

 de adultos no lugar de células embrionárias.

Diferença entre células-tronco embrionárias e células-tronco adultas

 embrionárias: a primeira são células indiferenciadas de embrião

 que têm potencial para se tornar uma variedade de tipos celulares

 especializados de qualquer órgão ou tecido do organismo.

 Já as células-tronco adultas são indiferenciadas, encontradas

 em um tecido diferenciado (adulto), que pode renovar-se e

 produzir o tipo de célula especializada do tecido do qual se origina.

O que a Igreja diz sobre o uso de células-tronco?

Foto ilustrativa: posteriori by Getty Images

Lei de Biossegurança e a utilização de células-tronco

Na Lei de Biossegurança Brasileira (Lei no 11.105, de 24.03.2005),

 um dos pontos mais polêmicos é o da permissão,

 dentro de certas condições, da utilização de células-tronco

 embrionárias para pesquisas, objetivando a cura de doenças graves,

 para as quais a suposta terapia seria a única ou a última esperança.

 É importante entendermos que estamos falando de células-tronco

 de origem embrionária e para tal pesquisa seria necessária a

 supressão, a destruição dos embriões.

Com a aprovação da Lei de Biossegurança no Brasil,

 fica permitido o uso para pesquisa e terapia de células-tronco

 obtidas de embriões humanos de até cinco dias que sejam

 sobras do processo de fertilização in vitro, desde que sejam

 inviáveis para implantação e/ou estejam congelados há pelo

 menos três anos, sempre com o consentimento dos genitores.

 Fica proibido realizar engenharia genética em óvulo, 

espermatozoides e embriões humanos; e usar técnicas de clonagem

 para produzir embriões humanos, seja para obter células-tronco

 (clonagem terapêutica) ou para produzir um bebê (clonagem reprodutiva).

Doutrina da Igreja Católica²

Células-tronco adultas:

A eticidade no uso de células-tronco provenientes de adultos

 será menos questionada e mais aceita pela comunidade religiosa.

 “O ponto de vista católico prestigia a dignidade da vida humana,

 salientando a continuidade da informação vital que existe desde

 a fecundação até a pessoa humana plenamente desenvolvida”.


O que devemos buscar nas pesquisas é a utilização de células-tronco

 de adultos. Nesse sentido, são bem-vindas as
pesquisas, sendo já muitos os artigos científicos que comprovam

 experiências de curas. E o Brasil está muito adiantado em tais

 pesquisas que devem ser incentivadas, pois apontam para efetivos

 e expressivos benefícios para a população. Quanto a essas

 pesquisas, não apresentam problemas para a ética cristã.

Células-tronco embrionárias

Para a Igreja, a utilização de embriões humanos para

 pesquisas científicas que promovem a destruição desses

 embriões, apresenta os mesmos problemas éticos do aborto.

 O embrião humano apresenta a dignidade de pessoa humana

 e, assim, deve ser respeitado.

Aprovar uma lei que fere a vida, permitindo o uso de embriões

 para retirar deles as células-tronco, terá como consequência

 a destruição de uma grande quantidade de vidas humanas 

em seu estágio inicial. A liberação de pesquisas com embriões

 humanos não muda a compreensão de que a Igreja tem da 

dignidade da vida humana em todos os estágios de seu

 desenvolvimento, desde os momentos iniciais, 

no ventre materno, até os momentos finais da aventura terrena.

 A vida humana tem um valor sagrado, ela é inviolável.

 Somos criados à imagem e semelhança de Deus.



Tal posição está confirmada pelo Magistério explícito

 da Igreja que, na encíclica Evangelium Vitae³, referindo-se

 já à instrução Donum Vitae da Congregação para a 

Doutrina da Fé afirma: “A Igreja sempre ensinou – e ensina –

 que tem de ser garantido ao fruto da geração humana,

 desde o primeiro instante da sua existência, o respeito

 incondicional, que é moralmente devido ao ser humano

 na sua totalidade e unidade corporal e espiritual.

 O ser humano deve ser respeitado e tratado como uma

 pessoa desde a sua concepção e, por isso, desde

 esse momento, devem-lhe ser reconhecidos os direitos

 da pessoa, entre os quais, e primeiro de todos,

 o direito inviolável de cada ser humano inocente à vida”.

Portanto, não é moralmente lícito utilizar as células estaminais

 e as células diferenciadas delas obtidas que sejam,

 eventualmente, fornecidas por outros pesquisadores

 ou encontradas à venda. Isso porque, para além de 

compartilhar, formalmente ou não, a intenção moralmente

 ilícita do agente principal, no caso em exame, dá-se a

 cooperação material próxima, na produção e manipulação

 de embriões humanos, por parte do produtor ou fornecedor.

Em conclusão, resultam evidentes a seriedade e a gravidade

 do problema ético levantado pela vontade de estender ao

 campo de pesquisa humana a produção e/ou o uso de embriões

 humanos, mesmo por motivos humanitários.

Fonte : Canção Nova.