terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Católicos devem buscar a bênção de Deus para 2015 com oração, não nas superstições de ano novo.

Arquidiocese de Brasília.

"A diferença entre a religião cristã e práticas de superstição é que essas práticas se baseiam no desejo de dominar e controlar. A superstição pode dar a impressão para quem a pratica de que é possível dominar o futuro, mas nós sabemos que isso não é verdade. Todo cristão deve saber que a atitude dele diante do futuro não pode ser uma postura de domínio ou controle, mas sim de entrega e de confiança em Deus, afirmou o sacerdote carioca e autor do Livro “Basta uma Palavra”, padre Antonio José Afonso da Costa. Segundo ele, a expectativa criada pela passagem do dia 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro não pode afastar a pessoa de sua fé em Jesus, por meio de superstições e simpatias.
O sacerdote, que é pároco da Igreja Nossa Senhora de Fátima, no Méier (RJ), explicou que no Cristianismo a postura correta diante do futuro é buscar crescer no relacionamento com Deus, para que na confiança a pessoa seja capaz de construir um futuro melhor.
“A diferença entre a religião cristã e práticas de superstição é que essas práticas se baseiam no desejo de dominar e controlar. A superstição pode dar a impressão para quem a pratica de que é possível dominar o futuro, mas nós sabemos que isso não é verdade. Todo cristão deve saber que a atitude dele diante do futuro não pode ser uma postura de domínio ou controle, mas sim de entrega e de confiança em Deus. O futuro da gente não está escrito como algumas pessoas pensam de uma maneira determinista ou fatalista. O futuro da gente é construído na medida em que caminhamos com Deus”, ensinou.
O sacerdote também refletiu sobre a importância do dia 1º de janeiro, quando a Igreja celebra a solenidade e o dogma de Maria, Mãe de Deus e o Dia Mundial da Paz.
“É costume da Igreja que as grandes celebrações como a Páscoa e o Natal, não durem apenas um dia. São celebrações grandiosas que comemoram os grandes mistérios da nossa fé e devem se estender por um tempo, de forma especial pela semana seguinte a festa. O dia 1º de janeiro é a Oitava da Festa do Natal, ou seja, o término dessa grande celebração do Nascimento de Jesus que a Igreja comemora recordando a união entre Maria e seu filho Jesus. Por isso, no oitavo dia da Festa do Natal, que coincide com o primeiro dia do ano civil, é celebrada a maternidade divina de Nossa Senhora”.
O sacerdote ressaltou que na Solenidade de Maria Mãe do Filho de Deus, a Igreja coloca todo o ano civil debaixo da proteção de Nossa Senhora.
“Esse dia traz uma série de lembranças e evocações importantes para a vida da Igreja, é o dia em que celebramos a circuncisão de Jesus. A leitura do Evangelho recorda esse acontecimento e o momento em que o nome do menino Jesus foi imposto. A primeira leitura relata Deus ensinando a abençoar o povo de Israel. Sempre no início de um novo ano, a Igreja recorda que o Senhor é um Deus que abençoa, que deseja nos abençoar. Também lembra que com o nome de Jesus nos lábios a gente encontra salvação, porque Jesus significa ‘Deus é o nosso Salvador’. Esse dia é uma concorrência de coisas bonitas que unem o mistério do Natal às expectativas que temos para o ano que se inicia. Mas repito, o grande segredo da nossa esperança a respeito do futuro é a nossa união com Jesus Cristo”, garantiu.

Diácono Valney

sábado, 20 de dezembro de 2014

Papa Francisco: “O presépio e a árvore tocam o coração de todos, inclusive de quem não crê"

Arquidiocese de Brasília.

O Papa Francisco falou nesta sexta-feira (19), às delegações de duas cidades italianas, Verona e Catanzaro sobre o valor dos símbolos natalinos. Essas delegações doaram ao Vaticano o presépio e a árvore de natal que enfeitam a Praça São Pedro.
O Santo Padre explicou que o presépio e a árvore são símbolos natalinos que evocam o Mistério da encarnação e a luz que Jesus trouxe ao mundo com o seu nascimento.
“Mas o presépio e a árvore tocam o coração de todos, inclusive de quem não crê, porque fala de fraternidade, de intimidade e de amizade, chamando os homens do nosso tempo a redescobrirem a beleza da simplicidade, da compartilha e da solidariedade”.
Segundo Francisco, os símbolos são um convite à unidade, à concórdia e à paz; a abrir espaço a Deus, o qual não vem com arrogância para impor a sua potência, mas nos oferece o seu amor na frágil figura de um Menino. E concluiu: “Sigamos Jesus, a verdadeira luz, para não nos perder e para refletir ao nosso redor luz e calor a quem atravessa momentos de dificuldade e escuridão interior”.

Diácono Valney

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

D. Waldemar é nomeado bispo coadjutor de Luziânia.

Arquidiocese de Brasília

Na manhã desta quarta-feira, 3 de dezembro, o papa Francisco nomeou dom Waldemar Passini Dalbello como bispo coadjutor de Luziânia, sendo transferido da arquidiocese de Goiânia (GO). O papa também transferiu, nesta mesma data, dom Odelir José Magri, da sede episcopal de Sobral (CE) para a diocese de Chapecó (SC) e dom Zanoni Demettino Castro como arcebispo coadjutor da arquidiocese de Feira de Santana (BA), transferindo-o da diocese de São Mateus (ES).
Dom Waldemar
Dom Waldemar Passini Dalbello é natural de Anápolis (GO), nasceu no dia 06 de junho de 1966. Foi ordenado padre em 03 de dezembro de 1994 e ordenado bispo auxiliar de Goiânia em 30/12/2009. Seu lema é: “Reuniu-nos na unidade”.
Em 2011 foi eleito pela Congregação para os Bispos como Administrador Apostólico da Arquidiocese de Brasília, onde ficou no cargo até agosto do mesmo ano, quando Dom Sergio da Rocha tomou posse como Arcebispo de Brasília.
Cursou Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Goiás, Filosofia e Teologia no Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília N. Sra. de Fátima, Brasília – DF. Possui mestrado em Ciências Bíblicas, pelo Pontifício Instituto Bíblico (Roma).
O que é um Administrador apostólico?
Administrador apostólico é um bispo ou presbítero designado pelo Papa, através de um decreto, para administrar a arquidiocese (no caso de Brasília) para suprir a lacuna vacante, por motivo de nomeação do atual bispo para outra função ou em caso de renúncia.  Geralmente, o administrador apostólico fica a frente da diocese por 90 dias. O administrador apostólico possui o mesmo direito e obrigações de um bispo residente.
Bispo Coadjutor
O bispo coadjutor é um bispo-titular da Igreja Católica nomeado para ajudar e substituir um bispo ou um prelado no exercício das suas funções com direito a sucessão. Ele deve ser nomeado vigário-geral pelo bispo diocesano. Vagando a Sé episcopal, o bispo-coadjutor torna-se imediatamente o bispo diocesano.
Algumas atividades e Encargos Pastorais
·         De 1994 a 1995: Vigário Paroquial da Paróquia N. Sra. do Rosário de Fátima, em Brasília;
·         De 1999 a 2005: Formador e Professor de Sagrada Escritura no Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília;
·         De 1999 a  2001: Professor de Sagrada Escritura no Curso Superior de Teologia para Leigos, da Arquidiocese de Brasília;
·         De 2000 a 2002: Diretor Espiritual da Comissão Arquidiocesana da Nova Evangelização (Arquidiocese de Brasília);
·         De 2002 a 2005: Ecônomo do Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília;
·         De 2002 a 2005: Vigário Paroquial da Paróquia Santíssima Trindade (Arq. de Brasília);
·         De 2003 a 2005: Colaborador junto à Nunciatura Apostólica no Brasil;
·         2006: Reitor do Seminário Interdiocesano São João Maria Vianney e professor de Sagrada Escritura no Instituto de Filosofia e Teologia Santa Cruz (Goiânia – GO). A partir de janeiro de 2008, também é o Reitor do Seminário Santa Cruz - Ano Propedêutico da Arquidiocese de Goiânia (Goiânia – GO);
·         2009: Toma posse como bispo Auxiliar de Goiania

Diácono Valney

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Filme sobre a vida e missão da “Irmã Dulce” estreia hoje.


Arquidiocese de Brasilia.
Os cinemas de todo o Brasil vão receber no dia 27 de novembro o primeiro longa-metragem sobe a vida e missão da religiosa brasileira, Irmã Dulce – “a Bem-Aventurada Dulce dos Pobres”.
O filme é uma produção assinada por Iafa Britz, com direção de Vicente Amorim e roteiro de Anna Muylaert e L.G. Bayão. No longa são retratados com fidelidade e verdade o testemunho cristão da freira baiana, como afirma a Superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) e sobrinha da beata, Maria Rita Pontes:
“O filme consegue trazer, com riqueza de detalhes, o exemplo de vida de uma pessoa da nossa geração e que soube ser feliz amando o outro. Ele mostra muito bem o imenso amor que Irmã Dulce tinha pelos mais pobres e o respeito e a admiração que estas pessoas tinham por ela”.
O filme também destaca o cuidado e o relacionamento de "mãe e filho" entre a freira e João, um menino pobre que pede abrigo à irmã após a família ser retirada de casa. , Irmã Dulce o salva duas vezes da morte: a primeira vez quando na época da infância quando ela retira-o do ônibus após um acidente em frente ao convento. O outro episódio acontece na vida adulta, quando criminosos o ameaçam de morte por conta de uma dívida.
Osvaldo Gouveia, pesquisador da vida e obra da Irmã e assessor de Memória e Cultura da OSID também comemorou a chegada da história da religiosa aos cinemas: “Irmã Dulce é um filme atraente, baseado em uma biografia impressionante e que vai provocar muitas inquietações”, declarou.
As primeiras cinebiografias da Irmã Dulce foram exibidas no dia 13 de novembro nas regiões Norte e Nordeste.

Atuação
Foram convidadas para atuar como Irmã Dulce as atrizes Sophia Brachmans, Bianca Comparato e Regina Braga. Também fazem parte do elenco as atrizes: Glória Pires, Irene Ravache, Zezé Polessa e o atores: Paulo Gracindo Júnior e Fábio Lago. O filme é produzido pela Migdal Filmes, distribuído pela Downtown Filmes e Paris Filmes e tem coprodução da Globo Filmes, da Paramount e do Telecine.

Irmã Dulce
Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu no dia 26 de maio de 1914, em Salvador – BA. No início da adolescência manifestou o interesse pela vida religiosa e aos 13 anos já ajudava doentes que apreciam no portão de sua casa. Em 1933, quando tinha 19 anos ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, em São Cristóvão (Sergipe). Neste mesmo ano ela recebeu o hábito e adotou o nome de “Irmã Dulce”, em homenagem à sua mãe.
Em 1949, em sua trajetória, aconteceram alguns fatos marcantes, como a ocupação de um galinheiro localizado ao lado do Convento Santo Antônio, em Salvador, com os primeiros 70 doentes. Em 1959, neste mesmo local, a religiosa instalou oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). Hoje a instituição acolhe um dos maiores complexos de saúde 100% SUS do país, com 4 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano. Irmã Dulce faleceu no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos.

Beatificação
Irmã Dulce foi beatificada pelo Papa Bento XVI em 2011, tendo o dia 13 de agosto como data oficial de celebração de sua festa litúrgica. E recebeu o título de Bem-Aventurada Dulce dos Pobres. Atualmente, a religiosa está em processo de canonização, sendo necessária a aprovação de um novo milagre atribuído à intercessão da beata para ela se tornar santa pela Igreja.

Diácono Valney

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Católicos não se metam com halloween!

Por Paulo Ricardo.


Existe muito mais por trás do Halloween do que fantasias esquisitas e hábitos americanos clichês. A criação desta festividade milenar, em grande parte, contou com a ação da Igreja Católica. É fato, tem origens pagãs, dizem alguns historiadores; no entanto, eu considero esse mais um caso daqueles em que se tenta acusar a Igreja de apropriação indevida de tradições pagãs inteligentíssimas. Claro né? Afinal, o que são as contribuições da Igreja ante a “magnificência” daquilo que os pagãos nos legaram, como a clava e a cueca de pelo de esquilo?
Mas, como diz nosso amigo Jack, The Ripper, vamos por partes…
Como surgiu o Halloween
Samhaim
Pronuncia-se “souim”. Essa era uma festa pagã celebrada pelos celtas e considerada como a origem mais remota do Halloween. Durante o Samhaim – do qual, realmente, se sabe muito pouco – os celtas consideravam que no solstício de outono, mais precisamente no dia 31 de outubro, os vivos ficavam presos no mundo dos mortos e os mortos podiam aparecer no mundo dos vivos.
Bom, druídas new age ainda comemoram o Samhaim, para eles é como se fosse o ano novo. Porém, uma olhada mais detalhada em outro elemento de origem (a Lemúria) dá uma pista de que realmente tem coelho nesse mato.
Lemúria
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A palavra latina “lemur” quer dizer fantasma. Os europeus deram aos bichinhos lêmures este nome porque, ao ver esses “zoião” brilhando no meio da noite, lembravam dos espíritos.
Acho que todos conhecem a história dos gêmeos fundadores de Roma – Rômulo e Remo. Criados por uma loba, cresceram e então fundaram a Cidade Eterna. É Ovídio que nos conta que aLemúria, um bizarro festival de adoração dos mortos, foi instituída por Rômulo, fratricida, para apaziguar a alma de seu irmão (na real, a culpa tava era roendo o cara por dentro). Tanto é que o nome original da festa era Remúria.
Durante a Lemúria, que acontecia entre os dias9 e 13 de maio, os fantasmas voltavam dos túmulos (eram também chamados de larvas) para aterrorizar os vivos (resumindo: cambada de desocupados. Para acalmar as almas atormentadas, os pateres famílias tinham que fazer um ritual muito maluco que nem vale a pena descrever aqui. Além disso, os nossos amiguinhos fantasmas era tarados em leite (?) e bolo. O costume era as pessoas derramarem leite nos túmulos e ofertarem bolinhos pras alminhas que, mais tarde, viriam a ser amiguinhas do Kardec.
Com a chegada do século VII, os dias de paganismo da Lemúria estavam contados… O dia 13 de maio seria incorporado por uma grande festividade cristã.
Dia de Todos os Santos
Aí entra a Igreja. No ano de 609, o Papa Bonifácio IV consagrou o Panteão de Roma (antigo templo de culto aos deuses romanos) à Virgem Maria e a todos os Mártires. Foi então que a Igreja incorporou a data que era ocupada pela Lemúria – mais precisamente o dia 13 de maio - com intuito de varrer de vez o paganismo. Criou-se aí o Dia de Todos os Santos, cuja a data original era 13 de maio.
Panteao_de_Roma_2
O Panteão é o maior símbolo da vitória do cristianismo sobre o paganismo em Roma.
E como fazer um “link” entre Samhaim, Lemúria e Dia de Todos os Santos? Simples: bastou uma pequena mudança de calendário. O Dia de Todos os Santos foi transferido pelo Papa Gregório VII para o dia 1º de novembro. Como tem muito historiador babaca, dizem que ele fez isso para sufocar um provável renascimento dos antigos rituais ligados ao Samhaim (isso só estava acontecendo na Inglaterra, fique bem claro), que ocorria em 31 de outubro.  Não é mais lógico acreditar na verdadeira intenção? Ele construiu uma Igreja para todos os Santos em Roma, inaugurada em… 1º de novembro!
Com isso, o velho Samhaim, comemorado no dia 31 de outubro, na terra dos bretões, passou a ser chamado de “Noite de Todos os Santos“, que em inglês se pronuncia“All Hallows Evening” (Noite dos Santificados), que por derivação acabou dando na palavra “Halloween”.
No dia 2 de novembro foi criado o dia de todos os fiéis finados, nosso popularFinados. Concluímos que a associação ao macabro da Noite de Todos os Santos deve-se à Igreja por ser a data muito próxima do dia de Finados. Em outras palavras,o Halloween é, em grande parte, uma criação católica. Depois, a festa foi apropriada e “paganizada” pelos seculares que, utilizando-se de argumentos duvidosos, dizem apenas estar retomando de volta algo que lhes foi usurpado. Vai entender essa gente…
Por falar em Finados, foi graças a um apelo dos padres feito durante a Idade Média que, hoje, os felizes ateus e seus ateuzinhos podem sair de porta em porta nos EUA pedindo doces. Entenda a seguir!
Os principais elementos da festa
Pedir doces
trick-or-treatNo dia de Finados os padres sempre pediam aos cristãos que rezassem pelos que partiram, e cuja alma poderia estar no Purgatório. Isso poderia ajudar a mandar seus entes queridos mais rápido para o Céu. Mas sempre tem gente que é preguiçosa até para aliviar a alma da própria mãe… a ocasião fez o ladrão. As crianças, muito espertamente, arvoraram-se nas grandes tiradoras de almas do Purgatório, oferecendo-se para as pessoas como rezadoras, em troca de bolinhos.
Esses bolinhos, que muito lembravam pequenos panetones, passaram a ser conhecido como “bolinho das almas” e era pedido de porta em porta sempre na Noite de Todos os Santos, preparando-se para as orações no Dia de Finados.
Bruxas
Esse elemento não teve origem no meio católico. A imagem clássica que temos bruxa foi construída a partir do século XVI em países de forte influência luterana: Inglaterra, Alemanha e Suíça. Ou seja, é obra da turminha de Lutero.
A bruxa é a típica ajudante de satã. Sua imagem é a derivação de uma personagem que faz parte da mitologia inglesa chamada Hag, uma entidade mitológica que vivia em árvores e sufocava pessoas. Já notaram que a maioria dos instrumentos que essas mulheres utilizavam para praticar o mal não passavam de simples apetrechos comuns em qualquer casa (caldeirão, vassoura…)? Mas o que esperar da cabeça de um luterano ou de um calvinista?
Máscaras e destruições
Durante as festividades do Dia de Todos os Santos era comum que as pessoas bebessem um pouco além da conta e danassem a praticar a mais peculiar e maior especialidade do ser humano: fazer “M”. Eram comuns incêndios e depredações, e muitas crianças alopravam quando não recebiam a quantidade bolinhos das almas de que se achavam merecedoras. Para manter o anonimato, os vândalos passaram a utilizar-se de máscaras.
V de Vingança
v_de_vinganca_gui_fawkesMas o que é que o gibi tem a ver com isso? Tudo e nada, foi só para dar uma imagem recorrente no imaginário pop. A máscara do personagem V do filme/gibi é a representação do rosto de Guy Fawkes.
O uso de máscara era comum no campo e só passou a ser mais utilizado na cidade por causa de Guy Fawkes, um soldado católico que queria mandar o Rei Jaime I – protestante – literalmente, para o espaço.
Em 5 de novembro de 1605, Fawkes e sua turma colocaram 36 barris de pólvora embaixo do parlamento inglês. Fawkes era um completo idiota, muito católico, mas idiota. Sendo preso (o plano não deu certo), recebeu sobre si toda a piedade beneplácito protestante: foi enforcado, teve o sangue drenado, o corpo esquartejado e, finalmente, foi jogado ao fogo.  No ano seguinte, no mesmo dia de sua prisão, as crianças de Londres saíram às ruas para zombar da memória de Fawkes promovendo balbúrdia por onde passavam.
Até hoje, na Inglaterra, se comemora o dia de Guy Fawkes.  É uma grande chacota, antes era mais perigosa, hoje é inofensiva.
Elementos do Halloween americano
Os puritanos do May Flower, quanto chegaram à América, tinham um só pensamento em mente: fundar uma nova nação em que nada da antiga Inglaterra, com seus hábitos decadentes e que ofendiam a Deus (na visão deles, fique bem claro) penetrasse em suas fundações. Como se isso fosse possível…. a começar pela língua. É claro que isso não era viável! De qualquer modo, dentro do barco da pureza tinha muita gente que curtia uma fogueirinha de Guy Fawkes. E assim, o terrorista católico chegou na América.
Assim como o Brasil, o EUA abrigam culturas distintas. O nascimento do moderno Halloween ocorreu lá no Norte, muito graças à mistura das tradições dos ingleses, já presentes desde a época do May Flower, com as dos irlandeses, italianos, portugueses e escoceses.
Vamos ver agora outros elementos presentes no Halloween, como estamos acostumados a vê-lo.
Lanterna de abóbora
halloween_abobora_nabo_jackA lanterna do Halloween, originalmente, não era feita com uma abóbora, mas sim com um nabo. Podemos associar a lanterna de abóbora, em primeiro lugar, à representação feita em Portugal da mitológica Coca, um ser maligno que também é a raiz do nosso conhecido bicho papão. Mas a lenda da lanterna está associada a um personagem conhecido como Jack, o miserável (em inglês, a lanterna de abóbora é conhecida como Jack O’Lantern). Então senta que lá vem a história.
Jack Miserável convidou o canho para tomar uns gorós. Como seu nome não era apenas uma figura de retórica, Jack Miserável não queria pagar a conta e solicitou ao diabo que virasse uma moeda para pagar a conta. Mesmo assim o sem noção não pagou embolsou o dinheiro e caiu fora. Jack ainda sacaneou o dito pois colocou a moeda no bolso ao lado de uma cruz que o impedia de reassumir sua forma normal. Para soltá-lo Jack faz um acordo com o duba de que este não o incomodaria por um ano e se morresse o demônio não reclamaria sua alma. Existem muitas e muitas histórias do embate entre Jack e satã, mas o principal mesmo ocorre depois da morte de Jack.
Tanto aprontou o pão-duro que claro sua alma não poderia ser aceita no céu, mas o demônio também não poderia reclamar sua alma em virtude do pacto firmado anteriormente. Então, Jack se viu preso entre reinos, um fantasma incorpóreo, que obteve do demônio um mimo: uma brasa de carvão infernal que nunca se consome. Como era muito quente para carregar na mão, Jack a enfiou dentro de um NABO e vagueia pelas noites segurando seu apavorante nabo assustando os viajantes pelas estradas do mundo.
Aí você se pergunta: por que nabos? Resposta simples. NA EUROPA NÃO EXISTIAM ABÓBORAS! Quando os imigrantes escoceses e irlandeses chegaram na América viram que era muito melhorar usar uma enorme, macia e colorida abóbora do que um duro, pequeno e branquelo nabo.
Mortalhas
A mortalha entra como elemento do Halloween porque a imagem mais comum de fantasmas que associa-se a essa data nada mais é do que corpos cobertos por mortalhas. Antigamente, quando o ser humano tinha mais imaginação, a figura fantasmagórica, banalizada pelos desenhos do Scooby-doo, era algo que realmente causava muito medo. Faça o simples exercício de imaginar o que há por baixo do lençol… Isso poderia antigamente levar à loucura, mas hoje em dia é considerado algo banal.
Falta de noção e criminalidade
Na primeira metade do século passado, as pessoas simplesmente perdiam a noção quando se tratava de Halloween. Durante a época da falsa depressão (1929, mais detalhes no futuro), os incêndios, depredações, esculhambações, assaltos e estupros quintuplicavam na época do Halloween (o que acabou levando a chamarem a data de “noite do demônio”).
No campo, a molecada costuma sair à noite para tocar rebanhos porteira a fora. Essa prática era tão comum que o Halloween na roça passou a ser conhecido como “noite da porteira”. Em 1933, a festividade foi chamada de “Halloween Negro” porque o nível de destruição daquele ano não encontrou parâmetros até os dias de hoje. Literalmente: tocaram fogo nos EUA.
O Estado interveio, e a repressão no ano seguinte e nos demais foi brabérrima. A sociedade civil amenizou os elementos de Halloween, associando seus caracteres macabros a coisinhas inofensivas e cômicas, e é essa estética que sobrevive até hoje. A única coisa assustadora que permaneceu foi o Michael Myers (o assassino da série de filmes “Halloween”, que deve estar no 3164, mais ou menos). No final esse inferno, tamanha a mobilização tanto do estado quando da sociedade civil levou ao inofensivo “doce e travessura”.
O bolinho das almas dos católicos medievais foi substituído por chokitos e balas juquinha, e ajudou a manter a falta de noção dentro dos limites aceitáveis.
Capitão Kirk
kirk_mascara_latexEssa vai para trekkers e para nerds que gostam de filmes de terror. Já falei do filme do Michael Myers, “Halloween”. O que pouca gente sabe é que esse filmeco – hoje classic cult - foi feito com orçamento de jantar em churrascaria rodízio – U$ 375.000,00 – e arrecadou nada mais, nada menos, do que 500 milhões de doletas.
Bom, com esse orçamento chulé os caras não tinham como custear altas maquiagens nem super efeitos, e se viraram com o que podiam. Como eles precisam dar uma “identidade” ao pai do Jason, errr…, quer dizer, o assassino do filme, eles foram até uma loja de mágicas ordinárias e lá encontram uma máscara de látex vagabunda que DEVERIA ser igual ao rosto do Capitão Kirk, da série Jornada nas Estrelas. Só que o negócio era tão tosco que nem de longe lembrava a cara do ator William Shatner. Ainda assim, usaram-na pra compor o personagem principal. Acabou que, hoje, uma das caras do Halloween é justamente a cara do Myers, que na verdade é a cara mal feita do Capitão Kirk.
*****
Agora vocês já podem dizer que sabem e entendem melhor as coisas dessa festa importada. Acho fascinante estudar o assunto para entender a cultura, mas, particularmente, não gosto da festa. E, nos dias de hoje, o espírito mitológico e o fundo religioso que estão ligados à origem do Halloween foram substituídos pelo hedonismo vazio do homem urbano.

Diácono Valney

domingo, 26 de outubro de 2014

Casamento na Igreja, Evento social ou sacramento?

O Catequista.


“Já viram uma noiva entrar na igreja com ‘Pretty Woman’? Pois é… Ontem eu vi… ”. Ao ver esta mensagem no Twitter, não me surpreendi nada, nada. O senso do sagrado anda tão deteriorado, que nem debaixo das barbas de Deus o povo toma tento. As Cerimônias de casamento, infelizmente, refletem este desbunde mais do que qualquer outro rito – até porque muitos casais que solicitam este Sacramento não são efetivamente católicos.

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Houve um tempo em que os noivos e os convidados tinham uma postura reverente ao entrar no templo de Deus. Mas a minha geração vê o casamento mais como uma oportunidade especial de aparecer do que como um acontecimento religioso. Não são poucos os noivos que emporcalham o rito com músicas impróprias, trajes vulgares e bizarrices diversas, tudo isso sob os olhares condescendentes de alguns membros do clero.
A banalização do rito do casamento fica evidente especialmente na escolha das músicas, que de religiosas não têm nada. O que não falta é casal de noivos confundindo a igreja com o motel: querem que sejam tocadas no templo santo as mesmas baladas que costumam ouvir no “Xamego’s Point”.
No top hit das músicas profanas para casamentos na Igreja, temos:
  • Com te Partiró – Andrea Bocelli;
  • She – Elvis Costello;
  • Hey Jude – Beatles;
  • Fascinação – versão do Armando Louzada;
  • Unchained Melody – Tema do filme Ghost;
  • Eu sei que vou te amar – Tom Jobim/Vinícius de Morais;
  • Over de Rainbow – Israel Kamakawiwo’ole;
  • Love me Tender – Elvis Presley;
  • My heart will go on – Celine Dion;
  • Endless love – Diana Ross & Lionel Richie.
Ok, muitas destas músicas são tudo de bom, mas não têm nada a ver com uma cerimônia religiosa. Podem ser perfeitamente tocadas na festa do casamento, mas o povo insiste em avacalhar o rito, por ignorância ou por capricho.
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Algumas noivas piriguetes querem se fazer notar especialmente pela sensualidade, e, diante do altar do Cordeiro Imolado, se apresentam com os peitos quase saltando pra fora do decote.
Cada vez mais são adicionados elementos estranhos ao rito do matrimônio, como o injustificável destaque dado à entrada de pajens e damas, quase sempre acompanhados pela canção tema de algum filme da Disney. À primeira vista, isso parece muito bonitinho e inofensivo. Mas cada um desses fru-frus colabora para que o Sacramento seja visto por todos como mais um evento mundano, distraindo a atenção daquilo que é essencial.
Assim, aquilo que poderia ser uma bela ocasião de testemunho para os convidados e para a comunidade, se reduz a um triste circo de vaidades. Ninguém está ligando muito pro sagrado (as leituras, as promessas, as orações, as bênçãos); todo o destaque é dado ao profano.
Quando eu falo em “circo”, não estou exagerando. Em março deste ano, um homem e uma mulher de Garibaldi-RS casaram-se na Igreja fantasiados de Shrek e Fiona (foto abaixo). A cerimônia, realizada na matriz da cidade, foi presidida por um frade, e os convidados também estavam fantasiados. Após o ocorrido, os bispos da Diocese de Caxias do Sul advertiram o celebrante e emitiram uma nota à imprensa desaprovando a palhaçada.
fiona_shrek_casamento
No Antigo Testamento, quando Deus falou a Moisés do meio da sarça ardente, disse:
“Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa.” (Êxodo 3,5)
É óbvio que não havia mal algum no fato de Moisés usar sandálias, porém, tirá-las antes de pisar no solo sagrado era um sinal concreto de respeito, de reconhecimento da santidade daquele local.
Da mesma forma, não há mal nenhum em curtir Elvis Presley, por exemplo, mas inserir uma música do seu repertório dentro de um rito religioso só revela o quanto estamos mais interessados em fazer um evento “com a nossa cara”, “diferente” e “emocionante” do que em louvar a Deus de forma humilde, reverente e liturgicamente adequada.

Diácono Valney 


sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Nossa Senhora da Conceição Aparecida - Padroeira do Brasil


 CN - Com muita alegria nós, brasileiros, lembramos e celebramos solenemente o dia da Protetora da Igreja e das famílias brasileiras: Nossa Senhora da Conceição Aparecida. A história de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tem seu início pelos meados de 1717, quando chegou a notícia de que o Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, Governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, iria passar pela Vila de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto (MG). Convocados pela Câmara de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram à procura de peixes no Rio Paraíba. Desceram o rio e nada conseguiram.
Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu, onde lançaram as redes e apanharam uma imagem sem a cabeça, logo após, lançaram as redes outra vez e apanharam a cabeça, em seguida lançaram novamente as redes e desta vez abundantes peixes encheram a rede.
A imagem ficou com Filipe, durante anos, até que presenteou seu filho, o qual usando de amor à Virgem fez um oratório simples, onde passou a se reunir com os familiares e vizinhos, para receber todos os sábados as graças do Senhor por Maria. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil.
Por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas o número de fiéis aumentava e, em 1834, foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual Basílica Velha).
No ano de 1894, chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com a Senhora “Aparecida” das águas.
O Papa Pio X em 1904 deu ordem para coroar a imagem de modo solene. No dia 29 de abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor. Grande acontecimento, e até central para a nossa devoção à Virgem, foi quando em 1929 o Papa Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil, com estes objetivos: o bem espiritual do povo e o aumento cada vez maior de devotos à Imaculada Mãe de Deus.
Em 1967, completando-se 250 anos da devoção, o Papa Paulo VI ofereceu ao Santuário de Aparecida a Rosa de Ouro, reconhecendo a importância do Santuário e estimulando o culto à Mãe de Deus.
Com o passar do tempo, a devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi crescendo e o número de romeiros foi aumentando cada vez mais. A primeira Basílica tornou-se pequena. Era necessária a construção de outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros. Por iniciativa dos missionários Redentoristas e dos Senhores Bispos, teve início, em 11 de novembro de 1955, a construção de uma outra igreja, a atual Basílica Nova. Em 1980, ainda em construção, foi consagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica de Aparecida Santuário Nacional, sendo o “maior Santuário Mariano do mundo”.
Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!
Diácono Valney.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

A distribuição da Sagrada Comunhão.


    “Somente em caso de verdadeira necessidade se deverá recorrer à ajuda dos ministros extroardinários na celebração da liturgia. De fato, isto não está previsto para assegurar a participação mais plena dos leigos, mas é por sua natureza supletivo e provisório.”
    O ministro ordinário da Comunhão Eucarística, pela unção do Sacramento da Ordem, é o sacerdote e o diácono (Cânon 910). Por isso, ordinariamente somente eles podem ministrar a Corpo de Nosso Senhor.
    Havendo real necessidade, o ministro extraordinário pode distribuir a Comunhão Eucarística. Os ministros extraordinários são prioritariamente os acólitos instituídos (cânon 910). Não havendo acólitos instituídos disponíveis para isso, outros fiéis (religiosos ou leigos) podem atuar ministrando a Comunhão Eucarística, como aponta a Instrução Redemptionis Sacramentum (n. 155) Tais situações são, de fato, extraordinárias, como o próprio nome do ministério já o indica.
    Portanto, é um equívoco afirmar que o Ministério Extraordinário da Comunhão Eucarística existe para promover o serviço do leigo, pois esta função não é, ordinariamente, uma atribuição do leigo, e em uma situação em que houvesse um número maior de ministros ordinários o ministério extraordinário não haveria razões para existir.
    Quais seriam estas razões que indicariam esta “verdadeira necessidade” para o uso dos ministros extraordinários da Comunhão Eucarística? A própria Instrução responde: “O ministro extraordinário da sagrada Comunhão poderá administrar a Comunhão somente na ausência do sacerdote ou diácono, quando o sacerdote está impedido por enfermidade, idade avançada, ou por outra verdadeira causa, ou quando é tão grande o número dos fiéis que se reúnem à Comunhão, que a celebração da Missa se prolongaria demasiado. Por isso, deve-se entender que uma breve prolongação seria uma causa absolutamente suportável, de acordo com a cultura e os costumes próprios do lugar.” (n. 158) E ainda: “Reprove-se o costume daqueles sacerdotes que, apesar de estarem presentes na celebração, abstém-se de distribuir a Comunhão, delegando esta tarefa a leigos.” (n. 157). De Salvem a Liturgia.


    Diácono Valney

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Tem início o processo de beatificação de D. Luciano Mendes de Almeida.

Da Radio Vaticano

Dom LucianoO processo para reconhecer como beato o ex-Arcebispo de Mariana (MG), Dom Luciano Mendes de Almeida, teve início nesta quarta-feira, 27, durante missa solene na Catedral Metropolitana de Mariana. A data recorda o falecimento de Dom Luciano, em decorrência de falência múltipla de órgãos, em 2006. A celebração, que foi presidida pelo Arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, marca o começo da fase arquidiocesana do processo, com a sessão de instalação do tribunal eclesiástico que dará início ao procedimento de beatificação, autorizado pela Congregação para a Causa dos Santos em 13 de maio.
“Por parte da Santa Sé, não há nada que impeça, para que se inicie a Causa de Beatificação e Canonização de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida”, informou a Congregação. Mons. Roberto Natali, vigário judicial, postulador da causa de Dom Luciano, adianta que se trata do início do processo. “Ainda estamos na fase de preparação para a abertura do processo na diocese”, declarou.
Segundo Mons. Natali, “essa primeira fase ocorre na Arquidiocese de Mariana, onde Dom Luciano atuou por 18 anos. A segunda fase, que é decisiva, será em Roma”. Para que o bispo seja beatificado será necessário comprovar, por meio de documentos e depoimentos, que ele levou uma vida virtuosa, por meio da prática cristã como a fé, esperança, amor, prudência, fortaleza, temperança, humildade, pobreza, obediência e castidade. Não há prazo determinado para a conclusão da primeira fase, mas a previsão é que deve demorar.
“Não acredito que o fato dele ser jesuíta, como o Papa Francisco, possa agilizar o processo de beatificação de Dom Luciano que, graças a Deus, está começando agora. Já é um grande passo colocar a vida de Dom Luciano em foco”, afirma o postulador. Caso a documentação seja aprovada em Roma, com um decreto do Papa Francisco, Dom Luciano passa a ser venerável. A partir deste título, se um milagre alcançado por sua intercessão foi provado, o religioso será reconhecido beato. A comprovação de um segundo milagre pode o tornar santo.
Para Mons. Natali, o maior desafio será reunir os casos das pessoas mais humildes, entre eles mendigos e doentes, de quem Dom Luciano costumava cuidar pessoalmente nos hospitais. “Depois de um dia inteiro de trabalho nos afazeres como bispo, ele saía em silêncio e ia a pé socorrer drogados e doentes nos hospitais. São registros que só podem ser encontrados no livro da vida, direto com Deus”, disse o vigário judicial.
Dom Luciano
Nascido no Rio de Janeiro em 5 de outubro de 1930, Dom Luciano tornou-se jesuíta ainda jovem, trabalhando na Companhia de Jesus, dos 17 aos 45 anos de idade, onde obteve destaque no trabalho com detentos nas cadeias em Roma. Foi bispo auxiliar de Dom Paulo Evaristo Arns, em São Paulo, antes de ser nomeado arcebispo de Mariana, em 1988, onde permaneceu até 2006, quando faleceu aos 75 anos. Dom Luciano foi também Secretário geral (de 1979 a 1986) e Presidente por dois mandatos consecutivos (1987 a 1994) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Em nota publicada por ocasião de sua morte, a Presidência da CNBB destacou entre as marcas que o religioso deixou na instituição o dinamismo, a inteligência privilegiada, a dedicação incansável e o testemunho de amor à Igreja.
Comenda Dom Luciano
Após a Sessão de Abertura do Processo de Canonização, a Faculdade Arquidiocesana de Mariana promoveu a entrega da Comenda Dom Luciano Mendes de Almeida do Mérito Educacional e de Responsabilidade Social, no Centro Cultural Arquidiocesano. Criada em 2008, a comenda é entregue a personalidades e organizações que, por suas ações afirmativas, cumprem importante papel na área da responsabilidade social. Nesta edição, entre os agraciados está o Bispo de Xingu (PA), Dom Erwin Krätler, reconhecido por sua luta em favor de causas sociais e ambientais na Amazônia.
Diácono Valney

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Um tal "templo de salomão" inaugurado em São Paulo.


Por Dom Henrique Soares da Costa, bispo de Palmares

 Só para esclarecer aos católicos, a respeito desse “templo de Salomão” inaugurado em São Paulo, mais uma farsa religiosa do nosso tempo e mais uma punhalada no cristianismo, já tão deturpado pelas seitas…

1. Não existe nem poderá existir “Templo de Salomão” algum desde 587 aC, quando o Templo do Senhor, construído pelo Rei Salomão, foi incendiado pelos babilônios. Este era o chamado Primeiro Templo dos judeus.

2. Nem mesmo no tempo de Jesus havia um “Templo de Salomão”. Havia sim, o Segundo Templo, construído pelos judeus que voltaram do Exílio de Babilônia entre 537-515 aC. Foi nesse Templo, reformado, ampliado e embelezado por Herodes Magno, que Jesus nosso Senhor pregou. Foi sobre esse Templo que Ele afirmou tratar-se de uma imagem Dele próprio, morto e ressuscitado: “Destruí este Templo e em três dias Eu o edificarei!”.

3. O Templo de Salomão em si não tem significado algum para o cristianismo. Também não pode ser reconstruído, pois já não seria o Templo “de Salomão”, mas de outra qualquer pessoa! O que se construiu em São Paulo foi um “Edifício do Edir Macedo”, nem mais nem menos…

4. Quanto ao Templo dos judeus, somente pode ser construído sobre o Monte do Templo, chamado Monte Moriá, em Jerusalém. Os judeus nunca reconstruíram o seu Templo por isso: porque ali já estão erguidas duas mesquitas muçulmanas…

5. Os cristãos jamais poderão ou deverão reconstruir Templo judaico algum! Isto é negar Nosso Senhor Jesus Cristo, é voltar ao Antigo Testamento! O Segundo Templo era imagem do Corpo do Senhor. Ele mesmo o declarou. Aqui coloco de modo explicado o que Jesus quis dizer: “Vós estais destruindo este Templo! Podeis destruí-lo; ele já cumpriu sua função de figura, de lugar de encontro de Deus com os homens! O verdadeiro Templo é Meu corpo imolado e ressuscitado! Vós destruireis o Meu corpo como estais destruindo este Templo! Mas, dentro de três dias Eu o ressuscitarei, edificando o verdadeiro Templo, lugar de encontro entre Deus e o homem: o Meu corpo, que é a Igreja!”

6. Arca, sacrifícios antigos, utensílios do antigo Templo, já não têm sentido algum no cristianismo. Mais ainda: não passam de pura e vazia falsificação que ofendem a reta consciência cristã e desrespeitam os judeus, imitando de modo grosseiro e falseando de modo superficial o real significado dos seus símbolos religiosos.

Conclusão: É uma pena ver como o charlatanismo, a ignorância, o grotesco prosperam em certas expressões heterodoxas de cristianismo… E tudo por conta do tripudio sobre a ignorância e falta de bom senso de toda uma população insensata. Só isto.

Diácono Valney

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Mensagem de dom Esmeraldo para os diáconos do Brasil

Dom Esmeraldo Barreto de Farias, arcebispo de Porto Velho, RO e bispo referencial da Comissão Nacional dos Diáconos - CND, escreveu esta mensagem abaixo para os diáconos do Brasil.


O FECUNDO TESTEMUNHO DE UM DIÁCONO!


Celebrando o mês vocacional, rezamos especialmente nesta primeira semana pelos ministros ordenados. Hoje, me dirijo particularmente aos Diáconos Permanentes no Brasil!Caro irmão diácono, agradecendo a Deus por sua vida e missão nas grandes cidades, no interior, nas áreas ribeirinhas da Amazônia, nos sertões do Nordeste, nos campos do Oeste, coloco no coração daquele que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos (Mc 10,45) a sua vida e a de sua família.


O testemunho do diácono Estêvão, aquele servo de Deus cheio do E. Santo e por ele guiado (cf. At 6,5a. 10; 7,55), pode trazer-nos uma grande luz! Estêvão aparece como o primeiro da lista dos sete homens escolhidos para a missão diaconal: “Estêvão, homem de fé e cheio do Espírito Santo” (At 6,5a); “cheio de graça e poder, fazia grandes milagres e sinais entre o povo” (6,8); “alguns membros da sinagoga dos Emancipados, (...) puseram-se a discutir com Estêvão, mas não conseguiam resistir à sabedoria e ao espírito com que falava” (At 6,9-10).Na trajetória de Estêvão, podemos destacar:a)    O chamado, a missão e a consagração para a missão - cuidar dos pobres -, nascem  de uma real necessidade da comunidade em Jerusalém, da sugestão dos Doze, da provação da comunidade reunida e da oração e imposição das mãos dos Apóstolos. Era a ação de Deus através de desafios que se lhes apresentavam iluminando o caminho da Igreja nascente para que fosse realmente servidora, no caminho do Servo (6,1-7). Estêvão assume a missão que lhe foi confiada e, a partir da prática, cresce na consciência de ser Servo. O que ajuda Estêvão a crescer nessa consciência? Certamente, para ele está clara a situação que a comunidade enfrenta, isto é, a necessidade de socorrer as viúvas no atendimento diário. Nessa prática, ele guarda no coração a experiência de tantos servos de Deus que tinham sido chamados e enviados por Deus para uma grande missão: Abraão, José, Moisés, os profetas e que tudo era preparação para a vinda do Justo, que foi crucificado. Ele vai amadurecendo a experiência de que, para o seguimento a Jesus Cristo servo, é necessário abrir-se ao Espírito Santo. Referindo-se aos membros do grande Conselho (Sinédrio), Estêvão afirma: “Duros de cerviz, incircuncisos de coração e de ouvidos, resistindo sempre ao Espírito Santo! Sois como vossos pais. A qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Mataram os que profetizavam a vinda do Justo, aquele que vós agora entregastes e assassinastes. Vós que recebestes a lei por ministério de anjos, e não a observastes” (At 7,51-53). Então, o diácono está convencido de que ele é chamado a servir a partir de JC e que o Espirito é quem torna a missão fecunda. Daí, a necessidade e a importância da vivência da graça da comunhão, da experiência do mergulhar no Mistério. O testemunho de Estêvão nos indica que o caminho do servo não pode ser a partir de si mesmo, mas daquele que nos constitui seus servos: Jesus Cristo.  b)   O testemunho de Estêvão entre o povo, realizando sinais (6,8). Eram sinais ordinários e extraordinários. Quais os sinais ordinários no serviço que somos chamados a realizar na profissão, na família, na comunidade eclesial e para a transformação da sociedade como um todo.c)    As palavras de Estêvão não são apenas palavras (discurso elaborado pela inteligência), são um sinal de sua experiência interior, da vivência do Mistério. O seu testemunho profético mostra que a missão, quando guiada pelo Espírito de Deus, pode nos conduzir para além de algumas tarefas que somos chamados a assumir! (7,2ss).d)   Estêvão faz Memória da ação de Deus e ao mesmo tempo é memória dessa mesma ação. O relacionamento de Estêvão com a Palavra é algo que nos encanta, pois ele vê a ação de Deus em toda a história da salvação. Ele faz Memória da ação de Deus e faz ver que a sua ação amorosa está presente naquele momento. Na Palavra, ele encontra força e luz diante das dificuldades e desafios presentes na missão. A profundidade do relacionamento com a Palavra de Deus faz com Estêvão viva a missão não a partir de si, mas do projeto de Deus realizado em Jesus Cristo. Ele faz memória e vive essa memória na perspectiva de JC. «Recordai-vos dos vossos guias, que vos pregaram a palavra de Deus» (Heb 13, 7). Às vezes, trata-se de pessoas simples e próximas de nós, que nos iniciaram na vida da fé: «Trago à memória a tua fé sem fingimento, que se encontrava já na tua avó Lóide e na tua mãe Eunice» (2 Tm 1, 5). O crente é, fundamentalmente, «uma pessoa que faz memória» (EG 13), pois contempla a ação de Deus na história, no presente, deixa Deus agir em sua vida e aponta a esperança.


A partir da trajetória do diácono Estevão, podemos dizer que contar o chamado, é contar a experiência da Memória de Deus, contar a experiência do encontro com Deus, das várias experiências do Amor de Deus em nossa vida. Cada vez que contamos a história, fazemos a Memoria da Ação de Deus e sempre descobrimos algo novo. O Missionário coloca a Memória ( a ação de Deus em sua vida) de Deus e na vida dos outros a serviço do anúncio para falar não de si, mas de Deus (ver isto no Magnificat). Que bela Memória faz Paulo! – cf. 1Tm 1,12-17). O missionário se deixa guiar pela Memória de Deus, para ser Memória e despertar nos outras a Memória de Deus. A Memória de Deus é caminho para não ficarmos acomodados e centrados em nós mesmos.


A Missão nos abre a esta Memória de Deus, para meditarmos sobre a ação do Amor de Deus em nossa vida e também nos outros, fortalecendo e enriquecendo a Memória de Deus que é a história do Amor de Deus, de quem enviou o seu Filho ao mundo não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele, de quem entrou neste mundo, de quem desce para libertar, para doar a vida: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.Celebrando o dia do Diácono e contemplando o testemunho de Estêvão, podemos perguntar-nos: como está a vida e o ministério diaconal que recebi da graça de Deus? Quais os maiores desafios que encontro no exercício desse ministério? O testemunho de Estêvão traz alguma luz para a minha vida e missão como diácono?O Espírito Santo o ilumine e lhe conceda renovar a forte experiência do encontro com aquele que nos transforma por dentro e nos dá a graça do testemunho  como servo missionário.  Seja abençoada sua família e as comunidades a quem você serve recebam a graça de serem comunidades solidárias, missionárias, proclamadoras da Palavra que nos liberta e celebrantes do mistério pascal de Jesus Cristo.Um grande abraço.


Parabéns pelo seu dia! 

Diácono Valney

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Papa nomeia arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil em Brasília

 

O Papa Francisco nomeou hoje (6), dom Fernando José Monteiro Guimarães como arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil, em Brasília (DF). Ele foi transferindo da diocese de Garanhuns (PE). O papa acolheu o pedido de renúncia de dom Osvino José Both, aos 76 anos, conforme prevê o cânon 401, parágrafo primeiro, do Código de Direito Canônico.
Dom Fernando Guimarães é natural de Recife (PE). Membro da Congregação do Santíssimo Redentor (CSSR), com profissão religiosa em 1969, sendo ordenado sacerdote aos 25 anos. Foi nomeado bispo pelo papa João Paulo II, em 12 de março de 1998. Recebeu a ordenação episcopal no mesmo ano, em Roma, escolhendo como lema “O nosso coração ardia”. É mestre em Filosofia e Direito Canônico pelo Ateneo Romano da Santa Cruz, em Roma. Possui doutorado em Teologia Moral pela Alfonsianum.

Trajetória Episcopal
Dom Fernando já assumiu diferentes funções na atividade pastoral da Igreja no Brasil. Foi membro do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica, presidente da Comissão Episcopal para a implementação do Acordo Brasil-Santa Sé e consultor da Congregação para as Causas dos Santos, na Cúria Romana. Desde 2008, dom Fernando estava como bispo de Garanhuns (PE).

Por Monasa Narjara, com informações da CNBB

Diácono Valney 
Pascom Paróquia Santo Antonio.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Os Santos Protomártires.

Os primeiros mártires de Roma.


30/06.

No ano de 64, um pavoroso incêndio reduziu Roma a cinzas. O imperador Nero, considerado imoral e louco por alguns historiadores, se viu acusado de ter sido o causador do fogo. Para defender-se, acusou os cristãos, fazendo brotar um ódio dos pagãos contra os seguidores de Cristo. Nero ordenou o massacre de todos eles. Houve execuções de todo tipo e forma e algumas cenas sanguinárias estimulavam os mais terríveis sentimentos humanos. Alguns adultos foram embebidos em pixe e transformados em tochas humanas usadas para iluminar os jardins do imperador. Em outro episódio revoltante, crianças e mulheres foram vestidas com peles de animais e jogadas no circo às feras, para serem destroçadas e devoradas por elas. A crueldade se estendeu do ano de 64 até 67, chegando a um exagero tão grande que acabou incutindo no povo um sentimento de piedade. O ódio acabou se transformando em solidariedade. Os apóstolos São Pedro e São Paulo foram duas das mais famosas vítimas deste imperador. Porém, como bem nos lembrou o Papa Clemente, o dia de hoje é a festa de todos os mártires, que com o seu sangue sedimentaram a gloriosa Igreja Católica. No sangue dos homens e mulheres que foram sacrificados em Roma nasceu forte e viçosa a flor da evangelização.
Reflexão: Celebramos nesta festividade a memória dos numerosos mártires que não tiveram um lugar especial na liturgia. Eles são testemunhas da ressurreição de vosso Filho Jesus. Pela fé nos mostram que aqueles que crêem em vós viverão para sempre, porque sois um Deus vivo e para os vivos. Todo martírio é um sinal marcante de que vale a pena doar a vida pelo Reino de Deus.
Oração: Santos mártires de nossa santa Igreja, que passaram por tantos sofrimentos para semear o Evangelho, nós vos louvamos por vossas vidas tão heróicas e santas e nos consagramos a vós para que também nós nos tornemos cristãos em verdade e em vida. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.
Fonte: A12.com

Diácono Valney


quarta-feira, 14 de maio de 2014

As eleições, a família estável e reprodutiva e o aborto.

Paulo Vasconcelos Jacobina.

Seguindo a tendência de uma vanguarda "científica" que representava o suprassumo do pensamento universitário e iluminado do final do século XIX, influenciado pelo "darwinismo social" e pelo "eugenismo" que era ensinado como progresso da humanidade, a Supreme Court norte-americana, no caso Buck Vs. Bell, em 1927, considerou constitucional que o Estado americano esterilizasse as pessoas de "raças inferiores" e de "mentes fracas" em nome do progresso racial da humanidade e da economia. A decisão foi relatada por ninguém menos do que o Juiz Oliver Wendell Holmes, Jr., tido como um dos maiores “Justices” que passaram pela Suprema Corte dos EUA.
Naquela época, a vanguarda do pensamento “esclarecido” era a eugenia, quer dizer, a ideia de que a humanidade teria o dever de fomentar a “melhora da espécie” usando em seu favor as técnicas “darwinistas” de seleção natural para evolução. A empolgação com o discurso cientificista, aparentemente tão coerente e fundado nas melhores razões econômicas, teve como obstáculos apenas os grupos humanistas, religiosos e conservadores, que não consideravam justo esterilizar e matar pessoas em nome da “evolução darwinista”. Mas foram rotulados, na época, de "atrapalhadores do progresso", "violadores do muro de separação entre Igreja e Estado" ou "atrasados" que querem impor sua visão "anticientífica" de mundo por cima dos iluminados cientistas, economistas e juristas. O caso “Buck vs. Bell” foi saudado na época como uma vitória do Estado laico e científico por sobre o “atraso” dos que não aceitavam aquele aviltamento do valor da pessoa humana.
Deste modo, a eugenia, e os esforços do Estado em implementá-la, foram considerados "constitucionais" lá, em votos longos e consentâneos com a “vanguarda” da época, pela utilização do Poder Judiciário como meio de ultrapassar pudores humanistas e religiosos. Mais de 60.000 pessoas foram compulsoriamente esterilizadas nos EUA em nome desta decisão tão "racional" e "econômica", baseada numa péssima leitura da teoria darwiniana, até a década de 70. Isto tudo foi feito pelo "progresso da raça" e em nome da “economia”, do “direito social” de não gastar recursos com os "feeblemindeds" e “melhorar” o ser humano.
A política eugenista legitimada por esta decisão da Suprema Corte americana continuou ocorrendo mesmo depois de 1945, quando os americanos venceram e denunciaram os nazistas por nada mais do que levar até o extremo esta mesma política. Hoje, a “eugenia” é uma teoria cientificamente ultrapassada, pelo menos nos discursos científicos do “mainstream” acadêmico – embora ativistas como a Dra. Alveda King, sobrinha de Martin Luther King, Jr., incansavelmente denuncie que as distorções da indústria abortista contemporânea atinja muito mais intensamente os bebês afroamericanos e do sexo feminino, a demonstrar que a eugenia não acabou, apenas mudou de estratégia.
É impressionante que outras "vanguardas", inclusive brasileiras, continuem confiando tanto em precedentes da Suprema Corte americana para estabelecer pura e simplesmente a moralidade de condutas desumanas, ou como “vanguarda da transformação social” em nome do "avanço social" da humanidade, contra as resistências de humanistas e religiosos. Mesmo depois que a história já demonstrou que as aparentes vanguardas científicas podem rapidamente se transformar em crueldade desumana e, logo depois, em paradigma ultrapassado.
Como serão vistas no futuro, pela ciência séria, outras condutas, como o aborto e a desconstrução da família estável e reprodutiva, aparentemente suportadas pelo consenso cientificista de hoje? Será que estas “vanguardas” tão patentemente equivocadas, tão provocadoras de dor e destruição, não serão mais uma vez denunciadas e ultrapassadas pelos próprios cientistas, como um dia o foram a frenologia e a eugenia “darwinista” do século XIX, que causaram tantas dores à humanidade? Devemos confiar nelas tanto assim, diante destes precedentes? Quiçá um dia aprenderemos: Não é porque um grupo de políticos assume um discurso cientificista e consegue uma decisão judicial em seu favor que aquilo que é bom e verdadeiro deixa de sê-lo. Toda vez que a ciência se afasta do bem e da verdade, que são os parâmetros que devem separar a ciência séria do cientificismo militante, a humanidade sofre e mais tarde. Não sem muita destruição e efeitos irremediáveis, todo “paradigma” cientificista aparentemente progressista, mas na verdade mentiroso, é desmascarado, mais tarde, pelos próprios cientistas que tenham coragem de estudá-los com honestidade.
É o caso do aborto. Independentemente do reconhecimento do valor intrínseco da vida humana, dentro e fora do útero, e da importância família biparental heterossexual estável e reprodutiva como espaço natural de geração e desenvolvimento das pessoas, já se tornam cada dia mais claras, (mesmo para quem fecha os olhos para estas realidades como valores em si mesmas), as graves consequências da liberação do aborto e da destruição da família nas culturas ocidentais contemporâneas, e suas consequências, podem ser vistas mesmo por quem disponha somente da metodologia científica séria para medi-las.
Tomemos o caso do aborto, tornado lícito nos Estados Unidos em 1973 com outra decisão da Suprema Corte de lá, na tristemente célebre decisão da legalidade do aborto no julgamento conhecido como "Roe vs. Wade". Esta decisão norte-americana foi seguida pela liberação pura e simples do aborto na grande maioria dos países europeus e no Japão. A partir de então, a liberação do aborto passou a ser vista, pelos grandes órgãos políticos mundiais como ONU, EU e similares, como indicador civilizacional de avanço social. Vê-se agora, no entanto, 40 anos depois, o mundo “civilizado” viver uma crise demográfica, previdenciária e civilizatória sem precedentes, e tem que contar, para não colapsar as respectivas economias, com maiorias reprodutivas muçulmanas, africanas e latinas, enquanto apoiado em “Roe vs. Wade”, continua matando seus filhos aos milhões nos úteros das mães. No entanto, em vez de se dar conta do equívoco, imaginam que resolverão este problema impondo o aborto e o modelo de família não reprodutiva a estas populações mais pobres.
É, portanto, no fundo, a mesma mentalidade não completamente ultrapassada da “eugenia”, como registrada no precedente "Buck vs Bell", que se visa aplicar agora nos muçulmanos e latinos, esterilizando-os à força para impedir a perda da hegemonia do norte ocidental.
A “utopia” secular do ocidente descristianizado parece envolver a progressiva liberação de drogas e a resoluta promoção do sexo não reprodutivo e do aborto, como se, para ser feliz e civilizada, a humanidade precisasse se dopar e fazer sexo inconsequente e não reprodutivo.
Por acreditar nisto, a força econômica dos países ricos e seus órgãos internacionais está compelindo sistemas judiciais e legais destas regiões mais pobres a aprovar o aborto e o matrimônio não heterossexual mesmo contra a vontade de suas populações, sob o discurso do secularismo e do cientificismo. O discurso tem cores de uma ecologia malthusiana que proclama os perigos de uma “superpopulação” exatamente no momento em que a humanidade parou de crescer populacionalmente, e na qual a grande ameaça ao meio ambiente vem da ambição econômica e industrial ilimitada, ou seja, do consumismo e do desenvolvimentismo, e não do respeito aos embriões, às famílias e às religiões e culturas.
Algumas dessas políticas independem de coloração partidária, como as que dizem respeito à diluição do conceito de família e à progressiva liberação das drogas e implantação do aborto. Elas parecem estar na pauta não somente do atual governo brasileiro, mas de todos os governos do mundo e ao mesmo tempo, o que afasta a possibilidade de mera coincidência: isto sinaliza que elas não decorrem de consensos locais, mas de imposição internacional, e delas não fugirão os eventuais candidatos a presidente, a senadores e deputados, por aqui, de esquerda ou de direita. Países governados pela “direita”, bem como países governados pela “esquerda”, estão sendo conduzidos pelos seus respectivos governos nesta direção, resoluta e inexoravelmente, mesmo contra todas as resistências sociais locais. É hora de exigir dos nossos candidatos locais clareza quanto a estes tópicos, para que não elejamos exatamente os nossos futuros adversários.

Diácono Valney