sexta-feira, 6 de outubro de 2017

A questão financeira no casamento cristão.

No casamento do cristão católico, mesmo com o sacramento, não vai deixar de existir desavença financeira, dívida, cobrança, desgaste emocional, crise, protesto e até separação. Tudo isso pode ser evitado por você!

  Desde muito tempo se pode observar uma prática no relacionamento de alguns casais de separarem os ganhos de cada cônjuge de forma bem acentuada e talvez independente, tornando-os cada vez mais individualistas. E quando somos individualistas, geralmente consideramos os nossos objetivos pessoais mais importantes do que os dos outros. E esta prática a meu ver, é uma fonte ativa para discussões freqüentes entre marido e mulher e um dos principais motivos de brigas, e até de separações entre casais.

  Tenho 22 anos de casamento e durante estes anos, já ouvi vários pessoas dizendo: “Eu controlo meu dinheiro, e quando a minha esposa (que não trabalha fora) precisa, ela me pede. Assim, tenho o controle da casa e, por isso, defino o que fazer com o dinheiro.” E, outras vezes, ouvi minhas colegas de trabalho dizendo: ”Graças a Deus eu trabalho, pois não agüento depender do meu marido, quero comprar as minhas coisas, ter o meu dinheiro, ser independente...” Nos dois exemplos observamos que as pessoas que consideram muitas vezes os seus interesses pessoais acima dos familiares, pois os objetivos não são comuns e não há o desejo de construir e conquistá-los juntos. As opiniões estão recheadas de machismo, egoísmo, individualismo, independência e muitas outras coisas ocultas nas afirmações. 

  Por todo esse período sempre me preocupei se isso estava correto, pois no meu casamento os rendimentos sempre foram considerados nossos, administrados conjuntamente e nunca referenciamos se o dinheiro era de um ou de outro, pelo contrário, a nossa prática foi considerar os mesmos como sendo da nossa família. Aprendemos da Igreja, desde o princípio sobre a questão de reconhecer o dom da maternidade na mulher e a opção de ter os filhos e educa-los na fé conforme prometemos no dia do matrimônio. É bem verdade que como todos os casais, no início da vida conjugal a esposa até tentou procurar emprego, mas com o tempo, pudemos ver que ter os filhos e educá-los conforme é o que aprendemos custaria escolher, isto é, ou a esposa trabalhar e tentar não ter os filhos, o quanto pudesse, ou tê-los e deixar de trabalhar fora. 

  Na escritura em Efésios 5:31 temos: “Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão uma só carne.” Considerando o que diz a bíblia, quando casamos nos tornamos uma só carne, uma só pessoa. Assim, podemos entender que a família por ser a união de duas pessoas com hábitos, culturas e criações diferentes, que após o sacramento, unidas tornam-se uma família, e isso muda o nosso comportamento como indivíduos. A partir de agora, os interesses pessoais, objetivos, planos, problemas, vitórias ou derrotas decorrem das decisões consensuais da família e não mais da vontade individual. Ser parte da família, quer dizer que tenho que abrir mão, muitas vezes, das minhas opiniões individuais em função dos interesses coletivos da família. O fato de viver, entender e aceitar que sou parte da engrenagem familiar, os objetivos familiares serão mais facilmente atingidos. Assim cada um assume o seu papel que lhe cabe na família. É verdade que nesse modelo que adotamos para minha família pudemos ter a decisão de escolher assim, a esposa não trabalhar fora, mas se dedicar a criação e educação dos filhos e a mim trabalhar fora para o sustento, repetindo assim o modelo de família tradicional. No entanto há casos onde não é possível, ou pelo menos é muito difícil essa escolha, pois implica em muitas vezes abrir mão de direitos básicos como moradia digna, alimentação, educação e saúde decentes. São casos onde a esposa, diferente do nosso caso, se vê obrigada a partir para o mercado de trabalho, e muitas vezes no afã de conseguir tais direitos, se perde entre uma coisa e outra, tornando a família uma coisa secundária e daí saem também as brigas financeiras, divisões, irresponsabilidades, dívidas, cobranças e todo tipo de problemas relativos ao dinheiro da família.  

  Na sociedade atual vemos que os valores são diferentes, mesmo que disfarçados por boas intenções, que corroem os valores familiares adequados. Homens e mulheres cristãos ainda permitem ser levados por ideologias, machismos, feminismos, modismos, e outros “ismos” que dividem a família, e não orientam para uma vida de união, cumplicidade e harmonia. Dessa forma também através do dinheiro, ou até mesmo da falta dele, acontecem todos os problemas que pudemos citar aqui, e como então superar essa dificuldade, ou mesmo até essa eu diria armadilha. Muitos casais formam famílias, cheios de boas intenções, planos, projetos, e idéias sempre com o objetivo de conseguir a felicidade. O que acontece é que por terem sido criados de maneiras diferentes entre outras coisas, quase nunca pensaram em como seria a sua vida financeira quando casados.
  Pode-se orientar aos casais que pensem e se preparem para viver o casamento cristão também na vida financeira, onde o exemplo das primeiras comunidades cristãs nos serve como base e ensinamento, onde os irmãos tinham tudo em comum, onde o eu seja menor do que o nós, onde os interesses do casal ou da família sejam mais importantes que os interesses pessoais, ou individuais, e que tudo seja decidido de forma consensual. Sempre se haverá de ceder a um interesse individual em função de um mais importante, que diz respeito a felicidade da família, aí incluídos os interesses e necessidades dos filhos com certeza. Que possa ser assim também com essa nova família cristã, onde o que a Igreja ensina possa ser também aplicado nesse ponto do casamento cristão, o de ser uma verdadeira Igreja doméstica, também do ponto de vista financeiro.


Diácono Valney.