terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A "Velatio" das Imagens na Quaresma.



Salvem a Liturgia - Do ponto de vista espiritual, o costume da velatio foi interpretado como sinal da penitência à qual todos os fiéis são chamados como sinal da antecipação do luto da Igreja pela morte do seu Esposo e da humilhação de Cristo, que teve de esconder-se para escapar da ameaça de morte. (Cf.: Jo 8,59).
O motivo principal para a orientação de COBRIR AS IMAGENS NAS IGREJAS, COM VÉUS ROXOS, é para que os fiéis não "se distraiam" com os Santos e que a sua devoção deve estar fundamentada no Mistério Pascal de Cristo, ou seja, na Sua paixão, morte e ressurreição.
Assim, cobrindo-se todas as imagens dos Santos e os crucifixos, surge com maior evidência o que há de essencial nas igrejas: o altar, onde se opera e atualiza o Mistério Pascal de Cristo, por seu Sacrifício incruento.
A rubrica no Missal Romano, 2ª edição típica, no sábado da IV semana da Quaresma (pág. 211, em português) e também a contida na Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais, nº 26, nos ensina que: 
“o uso (costume) de cobrir as cruzes e as imagens na igreja, desde o V Domingo da Quaresma, pode ser conservado segundo a disposição da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao término da celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa; as imagens até ao início da Vigília Pascal”.
A grande diferença entre as rubricas dos dois Missais (de Trento e do Vaticano II) consiste no seguinte: no primeiro, cobrir as Cruzes e Imagens era obrigatório (“cobrem-se...”); No segundo, deixou de sê-lo (“pode ser conservado...”). 
Diácono Valney
Com os sinais externos da penitência, do recolhimento, da purificação da visão e do coração, de tudo o que é secundário ou mesmo supérfluo, poderemos concentrar o nosso sentir, pensar e agir no Cristo Crucificado. Com os olhos fixos no Senhor, percorrendo com Ele a Via Dolorosa, chegaremos às núpcias do Cordeiro Redivivo, à Páscoa da Ressurreição.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Vaticano apresenta manual contra homilias vazias.

O prefeito da Congregação para o Culto Divino destacou como o Papa Francisco dedica uma parte considerável da Evangelii Gaudium ao tema da homilia

O cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, apresentou esta terça-feira de manhã o '' Diretório Homilético'', elaborado por esse dicastério sob a prefeitura do seu predecessor, o cardeal Antonio Cañizares Llovera . Participaram da cerimônia o arcebispo Arthur Roche e padre Corrado Maggione, respectivamente secretário e subsecretário da congregação, informou a Sala de Imprensa da Santa Sé.
"Muitas vezes, para muitos fiéis - explicou o cardeal guineano – o momento da homilia, considerada boa ou ruim, interessante ou chata, decide a importância da celebração. Na verdade, a missa não é a homilia, mas ela é um momento importante para a participação nos santos mistérios, ou seja, a escuta da Palavra de Deus e a comunhão com o Corpo e Sangue do Senhor”.
"O Diretório não nasce sem uma razão. O seu objetivo é oferecer uma resposta à necessidade de melhorar o serviço próprio dos ministros ordenados: a pregação litúrgica”, continuou o prefeito, destacando que já no Sínodo dos Bispos de 2005 pedia para os ministros ordenados que preparassem a homilia com cuidado, baseando-se em um conhecimento adequado da Sagrada Escritura. “Este é um primeiro dado que se deve ter em conta – destacou – já que a homilia está diretamente vinculada com as Sagradas Escrituras, especialmente com o Evangelho, e iluminado por eles”. No mesmo Sínodo se solicitava que na homilia ressoassem, ao longo do ano, os grandes temas da fé e a vida da Igreja, e que se evidenciasse o laço que une a mensagem das leituras bíblicas com a doutrina da fé mostrada no Catecismo da Igreja Católica. “Sobre a base destas expectativas, Bento XVI, na Exortação Sacramentum Caritatis, solicitava uma reflexão sobre este tema”.
Os Bispos retomaram a questão no Sínodo sobre a Palavra de Deus, e assim Bento XVI, na Exortação Verbum Domini, enquanto recordava que pregar adequadamente referindo-se ao Lecionário era "realmente uma arte que deve ser cultivada", indicou também a oportunidade de elaborar um "Diretório sobre a homilia, para que os pregadores encontrem nele uma ajuda útil para preparar-se para o exercício do ministério”, disse o cardeal Sarah.
"O sulco estava traçado – garantiu – e seguindo nessa linha, a Congregação iniciou o projeto, que recebeu muita força pela importância que o Papa Francisco deu à homilia, na sua exortação apostólica Evangelii gaudim, onde toca esse tema em 25 pontos: 10 dedicados à homilia e 15 à sua preparação”.
"A homilia – disse – é um serviço litúrgico reservado ao ministro ordenado, que está chamado por vocação a servir a Palavra de Deus segundo a fé da Igreja e não de forma personalista. Não é um discurso sequer, mas um falar inspirado na Palavra de Deus que ressoa em uma assemblei de fieis, no contexto de uma ação litúrgica, com o fim de aprender a praticar o Evangelho de Jesus Cristo”.
Entre os critérios mencionados no Diretório, indico alguns: A homilia é suscitada pelas Escrituras organizadas pela Igreja no Lecionário, que é o livro que contém para os dias do ano as leituras bíblicas da Missa. A homilia está suscitada pela celebração na qual se inserem estas leituras, ou seja, pelas orações e os ritos que conformam esta liturgia, cujo principal protagonista é Deus, por Cristo, seu Filho, na potência do Espírito Santo.
"Obviamente - concluiu o prelado guineano – a homilia destaca quem a pronuncia. Daí a importância da preparação do homileta que requer estudo e oração, experiência de Deus e conhecimento da comunidade à qual se dirige, amor pelos santos mistérios e amor pelo Corpo vivo de Cristo que é a Igreja”. 

Diácono Valney.