terça-feira, 1 de outubro de 2013

Pra que “serve” um religioso enclausurado?

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Parlatório do mosteiro das Irmãs Clarissas, no Rio de Janeiro.

O Catequista -
Uma das modalidades de vida religiosa é a vida contemplativa em clausura. O monge ou monja vive retirado em um mosteiro, sem nunca sair (salvo algumas exceções). Especialmente no caso dos mosteiros femininos, quando recebem visitas ou participam da missa, as irmãs permanecem por detrás de uma grade.
Aqui, vou falar especificamente sobre a clausura papal, que segue as normas da Santa Sé, que determina que os monges e monjas vivam efetivamente separados do mundo. Não abordarei a clausura disciplinar, em que os religiosos têm a clausura como um conceito simbólico, e não vivem realmente enclausurados.
Tradicionalmente, costuma-se classificar os religiosos como:
  • ativos” (freis e freiras não-enclausurados);
  • e “contemplativos” (monges e monjas enclausurados).
Os religiosos ativos, naturalmente, buscam ser “contemplativos na ação”. O problema é que, ao ouvir o termo “contemplativo”, alguns têm a impressão de que esses religiosos levam uma vida mole e só fiscalizam a natureza. Nada disso!
Allan Kardec era um dos que menosprezavam os religiosos contemplativos: “Mas vós, que vos retirais do mundo para evitar suas seduções e viver no isolamento, que utilidade tendes na Terra? Onde está vossa coragem nas provas, uma vez que fugis da luta e desertais do combate?” (O Ev. Seg. o Espiritismo, cap. 5, item 26). E ainda tem gente que acredita que esse sujeitinho era mesmo cristão…
Ao ver uma freira ou um frade cuidando dos pobres e doentes, o povo percebe de imediato a utilidade de sua ação. Porém, em relação aos irmãos de clausura, o grande bem que fazem não é reconhecido tão facilmente. Muitos católicos não fazem a menor ideia do sentido dessa vocação, nem imaginam as numerosas graças que os contemplativos derramam sobre o mundo.
O que fazem os religiosos de clausura?
Os contemplativos dão um testemunho poderoso e silencioso, que só os anjos veem.
  • Meditam sobre as coisas de Deus.
  • Oram em conjunto em diversas horas do dia, conforme a rotina da comunidade.
  • Trabalham na limpeza e manutenção do mosteiro.
  • Fazem penitência, conforme a disponibilidade de cada um.
  • Realizam trabalhos manuais para obter verbas e manter o mosteiro (confira o trabalho das irmãs do Carmelo de Santos).
  • Estudam.
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Irmã carmelita produzindo hóstias.
Perguntinha pra você: a sua mente está voltada para Deus em todas as suas atividades, e você reza tanto quanto gostaria? Pratica atos de mortificação (renúncias, sacrifícios) com frequência?
Pois é…
Os irmãos e irmãs de clausura nos compensam naquilo que falta a muitos de nós: oração e penitência. Eles adoram, meditam, se penitenciam e oram para sustentar aqueles que estão no mundo. A solidão permite uma vida de oração mais intensa, que é fonte de graças e santidade para toda a Igreja.
É a comunhão dos santos, amigos! Os méritos “gerados” por uma vida inteira dedicada à adoração de Deus são distribuídos aos homens, conforme a Sua misericórdia.
O que é ser contemplativo?
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Contemplar é voltar a mente inteiramente para Deus. É centrar o pensamento e o coração em Seu amor, em Seus mistérios, em Sua bondade, nos passos de Cristo sobre a Terra…

São muitos os que vivem com o pensamento voltado só para seus problemas, para seus afazeres e compromissos, ou, pior: para coisas más. Enquanto isso, quem contempla faz companhia a Jesus, que, assim, sabe que é amado é que não está só.
Para entender melhor o que é contemplação, é interessante ler sobre o momento em que a francesa mais amada do Brasil despertou para a sua vocação de religiosa contemplativa:

“Num domingo, ao olhar uma foto de Nosso Senhor na Cruz, fiquei impressionada com o sangue que caía de uma das suas mãos divinas. Senti grande aflição pensando que esse sangue caía no chão sem que ninguém se apressasse em recolhê-lo. Resolvi ficar, em espírito, ao pé da Cruz para receber o divino orvalho que se desprendia, compreendendo que precisaria, a seguir, espalhá-lo sobre as almas… O grito de Jesus na Cruz ressoava continuamente em meu coração: ‘Tenho sede!’.
“Essas palavras despertavam em mim um ardor desconhecido e muito vivo… Queria dar de beber a meu Bem-amado e sentia-me devorada pela sede das almas… Ainda não eram as almas dos sacerdotes que me atraíam, mas as dos grandes pecadores. Ardia do desejo de arrancá-los às chamas eternas…”
- Santa Teresinha do Menino JesusHistória de uma Alma

Por esse caminho andaram São Bento, São João da Cruz, Santa Teresa D´Ávila, Santa Clara e tantos outros santos contemplativos de primeira grandeza.
Deus seja louvado pela vocação daqueles que vivem para amar o próprio Amor, e assim espalham as graças do coração de Jesus para o mundo inteiro!

Diácono Valney

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