quarta-feira, 8 de junho de 2016

Por que o Ocidente está cada vez menos religioso?


Site padrepauloricardo.org
Para a escritora norte-americana Mary Eberstadt, a causa da secularização no Ocidente tem nome e sobrenome. Chama-se decadência familiar.

A escritora Mary Eberstadt é conhecida nos Estados Unidos por suas análises conservadoras sobre a sociedade, a cultura e a filosofia norte-americanas. Em 2013, ela lançou o livro "Como o Ocidente realmente perdeu Deus", infelizmente sem tradução para o português. Para a autora, se a destruição da família é geralmente considerada um efeito da perda de identidade religiosa, o contrário também é verdadeiro. A teoria de Eberstadt vê a decadência familiar como causa da secularização que o Ocidente vem experimentando nas últimas décadas.
Eis a íntegra de uma entrevista que ela concedeu a Gerald J. Russello, editor do site The University Bookman, sob o título Family and Faith: A Two-Way Street ("Família e fé: uma via de mão dupla"):

Obrigado por se juntar a nós. Conte-nos sobre a tese do seu novo livro.
How the West Really Lost God começa com uma revisão dos argumentos convencionais para a secularização do Ocidente e observa que esses argumentos não explicam adequadamente o declínio do Cristianismo em certas partes do mundo ocidental. Se isso estiver correto — se, com todo o respeito aos novos ateístas e outros pensadores seculares, o progresso material, a educação e o racionalismo não causaram por si só o secularismo—, então, o que aconteceu?
Meu livro argumenta que, no grande quebra-cabeça do processo de secularização, tem faltado uma peça chave: a família, e os modos como as mudanças na família ocidental, por sua vez, afetaram o Cristianismo ocidental. Por razões que são apresentadas em vários capítulos, eu acredito que essas duas instituições são melhor entendidas como uma dupla hélice — que uma é tão forte quanto a outra em um dado momento da história, e que uma depende da outra para se reproduzir.
Esse é um novo modo de entender o que anda acontecendo, uma firme ruptura com o scriptsecular pós-iluminista sobre o que Nietzsche e outros chamaram de "a morte de Deus". Sob a influência desse script, muitas pessoas parecem ter decidido que o declínio da religião é simplesmente inevitável. Mas não é isso o que mostram os registros.
O seu livro ajuda a analisar os vários efeitos que a modernidade teve em diferentes partes do mundo. Você nota que a modernidade e a perda da necessidade da religião nem sempre andam juntas. Na sua visão, então, o que causou a secularização da Europa?
A Europa ocidental é mais secular que os Estados Unidos, e a Escandinávia, por sua vez, é o território mais secular de todos. Consideremos, então, a Escandinávia como uma placa de Petri para a teoria do livro. Qual região iniciou a família ocidental sem casamento e o seu aliado mais próximo, o Estado social (cujo papel indiscutível na secularização é também parte dessa cultura)? A Escandinávia. Qual é indiscutivelmente o lugar mais atomizado no mundo ocidental hoje, a medir pelo, vamos dizer, número de pessoas que sequer vive dentro de uma família? Novamente, a Escandinávia. Hoje, quase metade das casas suecas é composta de uma só pessoa, por exemplo.
Eu acredito que essas mudanças não estão acontecendo de modo aleatório. A Escandinávia é um exemplo excelente para provar a tese do meu livro: o declínio religioso e o declínio familiar — medido por índices como fertilidade, casamento, divórcio e coabitação — andam lado a lado. Eles estão relacionados de modo causal.
Você fala do "Fator Família" e do "efeito que a participação na família per se parece ter na fé e na prática religiosas". Você pode explicar essa relação?
A sociologia convencionalmente supõe que o declínio religioso leva a um declínio na família — que as pessoas primeiro perdem o seu Cristianismo, e então mudam os seus hábitos de formação familiar. Acredito que esse é um entendimento muito estreito, e que a relação causal entre as duas instituições é muito mais dinâmica.
Por exemplo, nós sabemos que, se as pessoas são casadas, elas tendem muito mais a ir à igreja. Também sabemos que, se são casadas e têm filhos, elas tendem mais ainda a fazê-lo. Até agora, sociólogos observando essa conexão assumiram o fato de ir à igreja como algo que as pessoas casadas simplesmente "fazem". Eles não se perguntaram se a realidade de casar e ter uma família pode constituir uma força causal em si mesma — inclinando algumas pessoas a uma religiosidade maior.
O que o quadro geral mostra, eu acho, é que existe alguma coisa relativa à vida familiar — na verdade, mais de uma coisa — que leva as pessoas à igreja em primeiro lugar: coisas como o desejo de situar os próprios filhos em uma comunidade moral, ou o fato de que o nascimento é visto por muitas pessoas como um evento cósmico e sagrado, ou o fato de que o Cristianismo ratifica como nenhum outro credo secular o tipo de sacrifício envolvido na vida familiar, bem como outros fatores que eu abordo no livro. Novamente, família e fé parecem operar em uma via conceitual de mão dupla, e não em uma de direção única.
Quais dados você encontrou relacionando o declínio da família com crises econômicas ou sociológicas?
Há inúmeros dados para conectar o fortalecimento da família a benefícios econômicos — e também, por outro lado, para conectar declínio familiar a crise econômica.
No momento, toda uma biblioteca poderia ser construída para abrigar a ciência social sobre o rompimento da família incluindo, por exemplo, o fato de que lares destruídos aumentam a probabilidade estatística de que crianças tenham problemas educacionais, comportamentais e outros que possam impedir o seu sucesso na vida; ou outras verdades inconvenientes, as quais, apesar disso, estão empírica e firmemente estabelecidas. O último grande cientista social James Q. Wilson brincava que existem tantos dados atestando os benefícios da família que até alguns sociólogos estão começando a acreditar nela.
No livro, eu também tento olhar para tipos de efeitos colaterais menos comuns, mas igualmente fáceis de perceber — especialmente aqueles que ajudam o declínio familiar a impulsionar o declínio religioso.
Mas as estruturas da família não são meramente arbitrárias? Por que uma família "natural" é importante?
Ao falar de família "natural", eu me refiro simplesmente à configuração de família que outros modelos podem até imitar, mas não poderão jamais replicar, ou seja, o modelo fundamental baseado nos irredutíveis laços biológicos de mãe, pai, filhos etc. O Cristianismo tem dependido historicamente dessa forma de família, que é a que aparece nos bancos das igrejas cristãs tradicionais.
O destino da família natural é também importante para o destino do Cristianismo de outra forma: porque a história cristã em si mesma está repleta de personagens, metáforas e significado familiares. No fim das contas, trata-se de uma religião que começa com o nascimento de uma criança, que tem uma Sagrada Família, que entende o próprio conceito de Deus como o de um Pai amoroso e benevolente.
O que acontece, então, se vivemos em um mundo — como nós do Ocidente vivemos — em que mais pessoas experimentam cada vez menos essas mesmas coisas? O ponto é que a desintegração da família introduz uma nova complexidade na transmissão de certas características da mensagem cristã. Como você explica Deus Pai a alguém que cresceu sem uma figura masculina e paterna dentro de casa? Ou como falar o que há de tão sagrado sobre um bebê a pessoas que — em um tempo de taxas decrescentes de natalidade e outras mudanças familiares — talvez nunca tenham ou cuidem de uma criança?
Esses problemas não são insuperáveis. Todavia, são problemas que não existiam antes. Novamente, mudança familiar e mudança religiosa andam lado a lado.
Por que deveríamos nos preocupar com o declínio da fé cristã no Ocidente?
É um ponto de vista do livro o de que todos têm uma posição sobre esse assunto. Crentes ou seculares, todo mundo tem um palpite a dar sobre o papel do Cristianismo no espaço público moderno.
Há um capítulo inteiro dedicado aos dados que demonstram apenas essa proposição. É difícil condensar isso em uma frase sem parecer reducionista, mas, para se ter uma ideia, pessoas religiosas são, de maneira geral, mais felizes, mais saudáveis e significativamente mais caridosas com o seu tempo e o seu dinheiro do que pessoas seculares. É claro que todos podemos pensar em exceções, mas essas generalizações são corroboradas por ciência social absolutamente isenta.
Esse é um exemplo de como, no seu melhor, aqueles que creem "dão um retorno" para o resto da sociedade. Há outros exemplo ainda. O Cristianismo tradicional tenta encorajar famílias fortes, por exemplo, e à medida em que isso funciona, essa prioridade institucional também é de evidente benefício social. É possível argumentar que o grande e crescente Estado social não existiria sem a fratura do lar ocidental, porque muito do que o Estado faz é servir de substituto para o pai ou provedor do lar — fazer os tipos de coisas que costumavam ser feitas por famílias autossuficientes.
Na sua análise, que efeito tiveram os novos imigrantes islâmicos na Europa?
O livro limita a sua análise ao Cristianismo, o que já é mais do que o suficiente para um volume. Por isso, pode ser que a tese do livro se aplique a outras confissões que não a cristã.
Ao longo de todo o globo, por exemplo, alta fertilidade é associada com alta religiosidade. Quanto mais religiosas são as pessoas, mais elas tendem a ter filhos, e pessoas profundamente religiosas tendem ainda mais a ter famílias numerosas que outras pessoas. É a dupla hélice novamente em ação, e os muçulmanos da Europa exemplificam isso também.
De qualquer modo, é claro que o que torna a confusão das mesquitas na Europa tão óbvia é o silêncio de muitas igrejas, porque elas estão vazias.
Você acha que algo pode ser feito para revigorar alguma das duas hélices que você descreve — a fé e a família?
Sempre há algo a ser feito. Parte da resposta se encontra nas bases. Se as pessoas entenderem que "a importância da família para a fé" não é apenas retórica, mas, ao contrário, se trata de uma conexão orgânica profunda à qual é preciso prestar atenção, a revigoração acontecerá em cada igreja e congregação por vez.
Ter uma família é um trabalho pesado em qualquer tempo ou época, de modo que quem se preocupa com a família enquanto instituição deve pensar em todas as coisas que facilitam a vida das pessoas — coisas pequenas, mas significativas. As igrejas naturalmente fazem algumas dessas coisas, mas, sem dúvida, elas poderiam fazê-las melhor e com mais vigor. É tentador ter o Estado social tomando as rédeas do que instituições menores, como igrejas, poderiam estar fazendo melhor e com mais sensibilidade e eficiência. Todavia, é preciso resistir a essa tentação se as igrejas quiserem construir comunidades mais vibrantes. O que elas precisam é competir com o Estado oferecendo serviços melhores à comunidade.
Além das bases, a maior questão no horizonte deve ser o que vai acontecer ao moderno Estado social que ao mesmo tempo contribuiu para o declínio da família e emergiu como um substituto custoso para a família. Será o Estado babá, tal como o conhecemos — tomando conta de seus cidadãos do berço ao túmulo —, sustentável? Tendências demográficas e econômicas, especialmente em partes da Europa ocidental, sugerem que a resposta a longo prazo talvez seja negativa. E se fosse para o atual Estado social imperar ou mesmo implodir, é difícil ver como qualquer instituição a não ser a família poderia emergir no vácuo resultante.
No livro, eu ofereço dois capítulos — um para o caso do otimismo e outro para o do pessimismo —, a fim de que os leitores possam decidir por si próprios. De qualquer modo, o renascimento de ambas as instituições já aconteceu antes na história, como o livro frequentemente menciona. Não é difícil imaginar essa mesma renascença acontecendo de novo.
Diácono Valney
Fonte: Universidade Bookman | Tradução: Equipe CNP

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Mostra recorda 30 anos do histórico abraço entre João Paulo II e o Rabino Toaff


João Paulo II foi o primeiro Pontífice a visitar a Sinagoga de Roma – RV
 Roma – O diálogo e o respeito recíproco foram o objetivo e a importante mensagem do Papa João Paulo II e do Rabino Elio Toaff, que exatamente há 30 anos se abraçaram na frente da Sinagoga de Roma. Para recordar estes dois corajosos religiosos, a um ano da morte do rabino, foi inaugurada na quarta-feira,13, no Museu Judaico, uma mostra intitulada “1986-2016. Trinta anos do histórico abraço entre o Papa João Paulo II e o Rabino Elio Toaff”.
“Não tanto a mostra, em si mesma, tem importância, mas o símbolo daquilo que queremos representar, sobretudo, o abraço físico que hoje se torna momento ideal de acolhida, de escuta e de compreensão”, declarou à Adnkronos Ruth Dureguello, Presidente da Comunidade Judaica de Roma, durante a inauguração da mostra.
Aquele foi “um gesto corajoso que há trinta anos marcou uma reviravolta nas relações entre o mundo judaico e cristão – acrescentou Ruth – e que hoje se torna não somente um percurso, mas sobretudo um alerta para as futuras gerações. Um exemplo a ser seguido, uma pedra angular daquilo que deve ser a educação e a formação, assim como as relações entre os povos e as pessoas”.
A curadora da mostra, Lia Toaff, neta do Rabino, explicou que a iniciativa revela também o longo processo que levou àquele histórico encontro – foi a primeira visita de um Pontífice à Sinagoga -  em 13 de abril de 1986. “É muita emoção, porque cada vez que organizo alguma coisa – e já aconteceu isto antes – que diz respeito à figura do meu avô, devo rever todas as suas cartas, reorganizá-las, ler os seus relatos. Assim, a emoção é muita, é algo que me toca de perto, é doloroso reviver aquilo que eles nos contava, aos seus netos, pessoalmente. Este acontecimento nos contou sempre como algo de excepcional, uma coisa de que ele estava muito orgulhoso. É para mim – acrescentou – importante reviver esta experiência lendo os escritos de meu avô”.
“Para mim, acima de tudo é “meu avô” – sublinhou Lia – o que ele fez pela coletividade todos o sabem e aquilo que ele construiu, o diálogo que aconteceu em seguida, a carta de João Paulo II aqui exposta pelos 80 anos de meu avô, uma carta que ilumina precisamente aquilo que fizeram para construir este importante diálogo. Somente estes documentos expressam a importância quer do 30º aniversário do abraço, assim como o primeiro aniversário da morte de meu avô, e acredito que não poderia haver momento melhor para organizar esta mostra”.
O filho do Rabino, Daniel, recordou a emoção e as preocupações daquele encontro: “Emoção sim, mas também preocupação, porque meu pai tinha consciência da importância histórica da visita do Papa á Sinagoga. Recordo também que eu estava presente no colóquio privado entre meu pai e o Papa Wojtyla, também porque eu deveria fazer uma reportagem para a RAI”.
Na inauguração da mostra, também estava presente o Rabino Chefe de Roma, Riccardo di Segni, que recordou como “aquele abraço foi a tradução mediática dos passos em frente dados pelos cristãos em relação ao judaísmo com o Concílio Vaticano II e os documentos sucessivos”. “Foi importante – acrescentou – porque mudou na consciência geral a relação entre cristianismo e judaísmo, mas foi um passo difícil. Toaff me disse que vinha o Papa na Sinagoga e era necessário entender e gestir o evento – recordou Di Segni. Esta mostra preserva a memória e quer ser uma mensagem de convivência e de respeito recíproco”.
A mostra – que recolhe fotografias, documentos, escritos do próprio Rabino Toaff e jornais da época – nasce da colaboração entre a Comunidade Judaica de Roma e os Correios italianos.
Diácono Valney

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Casar ou morar junto?

Entenda as diferenças entre casar e morar junto.

Canção Nova
A escolha por viver juntos em vez de se casar, muitas vezes, surge da curiosidade de ver se o casal é compatível. O pensamento por detrás da decisão, uma vez que ambos dividirão o mesmo teto e as despesas, é que, se as coisas não derem certo, eles não precisarão de um divórcio nem passarão por todo aquele sofrimento. Por fim, a dúvida entre casar ou morar junto surge.
Entenda as diferenças entre casar ou morar juntoFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com
O casamento é uma decisão de suma importância, que requer do casal um discernimento sério. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil registrou 341,1 mil divórcios em 2014, ante 130,5 mil registros em 2004, um aumento de 161,4% em uma década. Considerando a alta taxa de divórcio, que muitos namorados experimentam de seus próprios pais, é compreensível o medo que eles trazem de assumir um compromisso definitivo.
Em entrevista ao Portal Canção Nova, o norte-americano Mark Evan, especialista na Teologia do Corpo de São João Paulo II, afirma que a coabitação não é boa para os casais. “Eles perdem o significado do ato sexual, pensando que significa apenas ‘eu te amo’, mas significa ‘eu sou seu para sempre’, e essas palavras são verdadeiras apenas quando eles se casam”. Quem vive junto, mas sem o sacramento do matrimônio, em cada relação sexual está dizendo: “Eu estou com você enquanto isso durar”. A porta dos fundos está sempre aberta para eles se deixarem. Eles pensam que estão se amando, mas, na verdade, estão apenas usando um ao outro para benefício próprio por um período indeterminado de tempo.
Parece lógico que a convivência oferecerá uma boa visualização do casamento, porém, sociólogos descobriram que a expectativa de uma relação positiva entre coabitação e a estabilidade conjugal foi destruída nos últimos anos por estudos realizados em vários países ocidentais.

As seis desvantagens de morar juntos antes do casamento

Os estudos descobriram que se o casal quer um casamento bem-sucedido, é melhor morar juntos só depois do casamento. O norte-americano Jason Evert, mestre em teologia e aconselhamento matrimonial, aponta seis desvantagens em coabitar.
1. A maioria dos casais que vivem juntos nunca se casaram. Aqueles que moram juntos antes do casamento têm uma taxa de divórcio até 80 por cento mais elevado do que aqueles que esperaram até depois do casamento para viverem juntos.
2. Casais que coabitaram antes do casamento também têm maior conflito conjugal e comunicação mais pobre, eles fazem visitas mais frequentes a conselheiros matrimoniais.
3. As mulheres que coabitam antes do casamento tem três vezes mais probabilidade de trair seus “maridos” do que as mulheres que se casaram.
4. As mulheres que coabitam têm três vezes mais probabilidade de ter depressão do que as mulheres casadas.
5. Casais que coabitam são sexualmente menos satisfeitos do que aqueles que esperaram até o casamento.
6. Do ponto de vista de duração matrimonial, paz e a fidelidade conjugal, segurança física, bem-estar emocional e a satisfação sexual, é evidente que a coabitação não é uma receita para a felicidade.

Casais que coabitam têm maiores taxas de divórcio

Um dos motivos para o aumento da taxa de divórcio é que coabitar enfraquece o compromisso. “Se um parceiro encontra falhas suficientes no outro, eles estão livres para ir embora. O desejo de introduzir um test drive mostra falta de fé no amor de um pelo outro”, esclarece Jason. Por um lado, o casal está dizendo que eles desejam uma intimidade plena, mas, por outro lado, querem deixar uma saída caso o parceiro não esteja à altura. Isso semeia dúvidas e desconfianças desde o início do relacionamento.
As seis desvantagens de morar juntos antes do casamento Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Casamentos bem-sucedidos não são o resultado de uma falta de características irritantes no cônjuge, mas o resultado de escolher amar e perdoar o outro no dia a dia, com todas as suas imperfeições.

O que devemos fazer se estamos vivendo juntos?

Mark Evan recomenda que os casais se mudem para apartamentos separados e parem de ter relações sexuais. “O casal deve começar a construir a relação em terreno mais sólido, fazer as perguntas fundamentais e ver se eles realmente se conhecem e se são realmente bons um para o outro, para unir suas vidas para sempre.”
Esperar para compartilhar o dom do sexo não deve ser visto como um passivo atraso de paixão, mas como uma formação ativa de fidelidade. Afinal, você não quer saber antes do casamento se o seu cônjuge será capaz de resistir às tentações depois do casamento?
Como qualquer casal, você sonha com um amor duradouro. Portanto, se você quer fazer o relacionamento dar certo, salve o seu casamento antes que ele comece e more com o seu cônjuge só após o casamento.
Diácono Valney

sexta-feira, 25 de março de 2016

25 de março de 2016: o dia em que a Encarnação e a Paixão de Jesus se fundem numa só data ...e em pleno Ano da Misericórdia!




 Aletéia
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A Encarnação
Faltando exatos nove meses para o Nascimento de Jesus, a Igreja celebra em 25 de março o mistério da Encarnação do Verbo. No início do Evangelho de São João, Jesus é chamado de “Verbo” – “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo  1,14). Verbo, do latim Verbum, significa Palavra: a Palavra Viva de Deus, o próprio Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. E o Verbo se faz carne, isto é, assume a natureza humana, e vem habitar entre nós como um de nós: verdadeiro Deus e verdadeiro homem. A propósito, é importante observar que Jesus assume a natureza humana inteira, em corpo e alma: quando Jesus se torna humano, Ele não deixa de ser Deus, mas também não se torna só “aparentemente” humano: Ele vai nascer, chorar, precisar de cuidados da mãe Maria e do pai adotivo José, dos avós Ana e Joaquim… Ele vai crescer, aprender, trabalhar, sofrer, experimentar a fome, o cansaço, o medo, a angústia, a tentação, a dor física. Sem deixar de ser Deus, Jesus é plenamente homem – porque, para a redenção, era preciso que um homem carregasse o peso dos pecados de todos os homens, e só era possível que Deus mesmo fosse esse homem.
A Encarnação do Verbo é, portanto, o profundíssimo mistério cristão daquele dia supremo em que a Virgem concebeu e gestou Aquele que a gerou, tornando-se Mãe daquele que a criou, Ele, que, como explica São Paulo, mesmo “sendo de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (Fl 2,6-7). É este movimento divino de encarnar-se, denominado “kenose” pela teologia, o imenso e imponderável mistério que celebramos toda vez que rezamos o ângelus ou o credo.
A Paixão
Neste Ano da Misericórdia de 2016, proclamado pelo papa Francisco, eis que mais uma graça extraordinária nos é reservada: a data da Encarnação do Filho de Deus coincide, excepcionalmente, com a data da Sua Paixão e Morte: a Sexta-Feira Santa.
Neste ano repleto de bênçãos, o mistério da vida e o mistério da morte se unem ainda mais explicitamente neste 25 de março, data em que, ao mesmo tempo, celebramos o Deus que se faz bebê no ventre da Virgem Maria e que “se faz pecado”, na expressão das Escrituras, embora nunca tenha pecado, para nos remir dos nossos próprios pecados morrendo na cruz.
Verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Ele se fez conceber e viver na carne até a morte do corpo, insondáveis mistérios de fé que providencialmente se reúnem neste Ano Santo da Misericórdia.
Fundem-se neste 25 de março de 2016 o início e a consumação da nossa redenção! Esta coincidência de datas, que acontece em raros intervalos de tempo, reforça ainda mais o caráter da Sexta-Feira Santa como o Grande Dia do Perdão.
O Jubileu da Misericórdia
O papa Francisco proclamou 2016 como Ano Extraordinário da Misericórdia – e é providencial que, neste jubileu dedicado todo à celebração do perdão divino e da reconciliação com Ele e com nossos irmãos, os mistérios da Encarnação e da Paixão nos sejam apresentados juntos na mesma data: uma “Sexta-Feira Santa da Encarnação”!
Aproveite a graça!
·         Aprofunde-se na graça insondável de Deus que se encarna e morre por nós, nesta data especialíssima, visitando, se possível, uma igreja dedicada à Virgem Maria, já que por ela Cristo nos veio na Encarnação e a ela Cristo nos deu por Mãe em plena cruz. Caso não haja nenhuma igreja nominalmente dedicada a Maria nas suas redondezas, não se preocupe: toda igreja católica é, na prática, dedicada a Maria e, é claro, ao seu Filho, o Filho de Deus, nosso Senhor.
·         Aproveite também para se aproximar do sacramento da Reconciliação, abraçando neste dia extraordinário o perdão que Ele se encarnou e morreu na cruz para nos oferecer.
Damos graças a Deus por esses favores sublimes e a Ele seja toda a glória!

Diácono Valney

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Só Cristo pode fundar uma Igreja


É ilógico dizer que todas as religiões são equivalentes entre si
Cleofas - Temos de respeitar a crença de cada pessoa; a liberdade religiosa é algo fundamental, mas não é verdade que todas as religiões e Igrejas são igualmente válidas. As muitas religiões ou seitas foram fundadas por simples mortais, e não por Deus, por isso não se pode dizer que todas as religiões são boas, e que basta ser religioso e seguir qualquer uma delas. Se isso fosse verdade, Jesus não precisaria ter vindo a este mundo, fundar a Sua Igreja e morrer numa cruz. Bastava deixar os homens continuar no paganismo ou se salvarem nas outras religiões. Assim não seria necessário todo o esforço de evangelização em todo o mundo, com milhares de mártires, missionários, etc…
É ilógico dizer que todas as religiões são equivalentes entre si, pois elas propõem Credos diferentes, que se excluem mutuamente. Algumas religiões professam o politeísmo (muitos deuses), outras o panteísmo (tudo é Deus), ou o monoteísmo (há um só Deus).  Veja, na questão mais essencial da religião, isto é, a concepção de Deus, já há uma enorme diversidade, que se excluem mutuamente; como, então, querer que todas as religiões sejam equivalentes e igualmente boas? É ilógico e irracional. Então há que se descobrir a Verdade. Se a verdade plena está numa doutrina, esta é a verdadeira e as outras são falsas.
Ora a verdade é uma só, logo, objetivamente falando, há Credos verídicos e credos errôneos. Cada reli­gião tem a sua doutrina, seu culto e sua moral própria; e é aqui que estão as divergências: uns creem na reencarnação, outros não a acei­tam; alguns aceitam o divórcio, o aborto, o homossexualismo, a guerra santa, a poligamia… e há quem não os admita.
Com quem está Verdade? A verdade não pode estar com todos. Logo, não podem ser boas todas as religiões.
O Concílio Vaticano afirmou:
“Professa o Sacro Sínodo que o próprio Deus manifestou ao gêne­ro humano o caminho pelo qual os homens, servindo a Ele, pudessem salvar-se e tornar-se felizes em Cristo. Cremos que essa única verdadei­ra Religião subsiste na Igreja católica e apostólica, a quem o Senhor Jesus confiou a tarefa de difundi-la aos homens todos, quando disse aos Apóstolos: “Ide pois e ensinai os povos todos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-lhes a guardar tudo quanto vos mandei” (Mt 28, 19-20). Por sua vez, estão os homens todos obriga­dos a procurar a verdade, sobretudo aquela que diz respeito a Deus e a Sua Igreja e, depois de conhecê-la, a abraçá-la e praticá-la”. (Declaração Dignitatis Humanae, n.1).
Diácono Valney.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Carnaval, Cinzas e Quaresma.



Agencia Ecclesia. Preparação da maior festa para os cristãos, a Páscoa, inicia-se esta quarta-feira
O carnaval, que se celebra por estes dias em vários países, é uma festividade ligada à data da Páscoa, uma dimensão desde logo vincada pelo seu caráter móvel e pela origem da sua designação.
A Páscoa é celebrada no domingo após a primeira lua cheia que se siga ao equinócio da primavera, no hemisfério norte, pelo que o carnaval acontece entre 3 de fevereiro e 9 de março, sempre 47 dias antes.
A Igreja viria a alterar e adaptar práticas pré-cristãs, relacionando o período carnavalesco com a Quaresma: uma prática penitencial preparatória à Páscoa, com jejum começou a definir-se a partir de meados do século II; por volta do século IV, o período quaresmal caracterizava-se como tempo de penitência e renovação interior para toda a Igreja, por meio do jejum e da abstinência.
Tertuliano, São Cipriano, São Clemente de Alexandria e o Papa Inocêncio II contestaram fortemente o carnaval, mas no ano 590 a Igreja Católica aprova que se realizem festejos que consistiam em desfiles e espetáculos de caráter cómico.
No séc. XV, o Papa Paulo II contribuiu para a evolução do Carnaval, imprimindo uma mudança estética ao introduzir o baile de máscaras, quando permitiu que, em frente ao seu palácio, se realizasse o carnaval romano, com corridas de cavalos, carros alegóricos, corridas de corcundas, lançamento de ovos, água e farinha e outras manifestações populares.
Sobre a origem da palavra Carnaval não há unanimidade entre os estudiosos, mas as hipóteses “carne vale” (adeus carne) ou de “carne levamen” (supressão da carne) remetem para o início do período da Quaresma.
A própria designação de entrudo, ainda muito utilizada, vem do latim ‘introitus’ e apresenta o significado de dar entrada, começo, em relação a esse tempo litúrgico.
A Quaresma, que este ano se inicia a 09 de fevereiro, com a celebração de Quarta-feira de Cinzas, é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
Nos primeiros séculos, apenas cumpriam o rito da imposição da cinza os grupos de penitentes ou pecadores que queriam receber a reconciliação no final da Quaresma, na Quinta-feira Santa.
A partir do século XI, o Papa Urbano II estendeu este rito a todos os cristãos no princípio da Quaresma.
Na Liturgia, este tempo é marcado por paramentos e vestes roxas, pela omissão do ‘Glória’ e do ‘Aleluia’ na celebração da Missa.
Diácono Valney.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

“Milagre” na China: 10 mil católicos clandestinos celebram o jubileu sem ser presos.


Abertura da Porta Santa de Zhengding (China) Fonte: AsiaNews, AsiaNews  Copyright, Zenit.
 Na abertura da Porta Santa de Zhengding, a santa missa foi celebrada por dom Julius Jia Zhiguo, não reconhecido pelo governo e mantido em prisão domiciliar
 “É um milagre! É uma proteção do Céu”, consideram os entusiastas católicos chineses da comunidade clandestina de Zhengding (Hebei), que, neste domingo, se reuniram para celebrar o início do Jubileu e a abertura da Porta Santa.
 O “milagre”, explica a agência AsiaNews, é que a polícia, sempre diante da igreja, não fez nada para impedir o gesto e não prendeu ninguém. Além disso, quem presidiu a liturgia, das 8h30 às 12h30, foi o bispo dom Julius Jia Zhiguo, não reconhecido pelo governo e mantido em prisão domiciliar durante anos por se recusar a aderir à Associação Patriótica, o órgão do Partido Comunista que gerencia uma “Igreja Católica” independente do papa e de Roma.
 Dom Jia Zhiguo é vigiado dia e noite e, com frequência, é levado para uma ou duas semanas “de férias” pela Associação Patriótica, ou seja, para cursos de doutrinação e lavagem cerebral. Mesmo controlado, o prelado conta com a estima da polícia e da população. Durante longo tempo, em sua casa, ele abrigou cerca de 200 crianças abandonadas e pessoas portadoras de deficiências, cuidando delas pessoalmente com a ajuda de algumas freiras e fiéis.
 A abertura solene da Porta Santa em Zhengding foi precedida por uma procissão e uma série de leituras da Misericordiae Vultus, a bula com que o papa Francisco proclamou o Jubileu. Depois de aberta a Porta Santa, houve a cerimônia eucarística. “É incrível – disse uma freira – que tantas pessoas tenham podido se reunir durante tanto tempo sem ninguém ser preso”.
 Faz anos que o governo chinês tenta eliminar as comunidades clandestinas que realizam atos religiosos considerados “criminosos” pelo Partido. Muitos sacerdotes envolvidos estão presos. Nos últimos meses, tem havido forte pressão contra sacerdotes e bispos clandestinos para se juntarem à Associação Patriótica, inclusive com tentativas de suborno.
 Diácono Valney