sexta-feira, 24 de março de 2017

Aprovada a canonização dos Protomártires do Brasil.


Imagem: domínio público


VATICANO, 23 Mar. 17 / 11:00 am (ACI Digital)

- O Papa Francisco aprovou os votos favoráveis da Sessão Ordinária dos Cardeais e
 Bispos Membros da Congregação sobre a canonização dos Protomártires do Brasil,
 também conhecidos como mártires de Cunhaú e Uruaçu.

Ao receber nesta quinta-feira o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos,
 Cardeal Angelo Amato, o Pontífice deu a autorização que levará à canonização de
 André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, sacerdotes diocesanos, e Mateus
Moreira, leigo, como também de 27 companheiros, mártires.

Eles foram assassinados por ódio à fé no Brasil em 16 de julho de 1645
e 3 de outubro de 1645.

Em entrevista à rádio Rural, da Arquidiocese de Natal, o Arcebispo, Dom Jaime
 Vieira Rocha, deu a notícia da aprovação da canonização dos mártires. 
“Estamos vivendo este momento muito feliz de ação de graças a Deus”, disse.

O Arcebispo informou que agora o Papa Francisco “vai convocar um consistório
 para oficializar a canonização dos nossos mártires”.

“Mas, já podemos nos alegrar. Hoje é o dia em que a Arquidiocese de Natal,
 a Igreja no Brasil, todos nós povo de Deus e, sobretudo os devotos dos mártires de
 Cunhaú e Uruaçu guardarão na memória como a data histórica quando foi propagada
 a notícia da aprovação da canonização dos mártires”, ressaltou.

Em seguida, recordou um refrão do hino dos protomártires, que diz: “Mártires da fé,
filhos do Rio Grande, homens e mulheres, jovens e meninos. Pelo bom pastor deram
 o seu sangue, nossa Igreja em festa canta os seus hinos”.

O nome de protomártires foi dado na ocasião da visita do Papa João Paulo II,
em 13 de outubro de 1991, na Missa de encerramento do XII Congresso Eucarístico,
ocorrido em Natal.

Sua história remonta ao período em que holandeses calvinistas ocuparam territórios
do nordeste do país, entre 1630 e 1654. Na época, quiseram obrigar os católicos
a se converterem ao calvinismo e proibiram a celebração da Santa Missa.

Foi nesse contexto que, em 1645, católicos do Engenho de Cunhaú foram martirizados
durante a Celebração Eucarística, de maneira violenta. Três meses depois, o caso voltou
a se repetir em Uruaçu com crueldade ainda maior. Segundo relatos, nessa ocasião,
o camponês Mateus Moreira teve o coração arrancado pelas costas, mas, antes de
morrer pôde gritar em alta voz: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento!”.

Padre André de Soveral, Padre Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e outros
27 companheiros foram beatificados por São João Paulo II, em 5 de março de 2000.

Diácono Valney

quinta-feira, 16 de março de 2017

A incorruptibilidade do manto de Guadalupe: a ciência não encontra explicações.








Ciencia confirma Igreja - O Dr. Adolfo Orozco (foto), investigador do Instituto de Geofísica da Universidade Nacional Autonômica do México, assinalou que o extraordinário estado deconservação do manto da Virgem de Guadalupe “está completamente fora de todo tipo de explicação científica”.

Orozco, que também é especialista no manto da Virgem, falou em Phoenix, EUA, no 1º Congresso Internacional Mariano sobre a Virgem de Guadalupe.

O especialista disse que “todos os tecidos similares a do manto que foram colocadas em ambientes úmidos e salinos como o que rodeia a Basílica, não duraram mais de dez anos”.

Em 1789 fora pintada uma cópia a imagem de Guadalupe.
“Essa imagem foi feita com as melhores técnicas de seu tempo, era formosa e estava feita com um tecido bastante similar a do manto original. Além disso, também estava protegida com um vidro desde que foi exposta”, indicou.

A imagem em seu santuário.
A imagem em seu santuário.
Entretanto, “oito anos depois, essa cópia teve que ser desprezada porque estava perdendo as cores e as fibras se estavam rompendo.

Em contraste – acrescentou Orozco – o manto original vem sendo exposto há116 anos sem nenhum tipo de amparo, recebendo todos os raios infravermelhos e ultravioletas de dezenas de milhares de velas que estavam perto dela”.

Uma das características mais interessantes do manto, prosseguiu, "é que a parte de trás do tecido é rugoso e pouco liso; enquanto que a parte de adiante (onde está a imagem de Guadalupe) é 'tão suave como a seda' como assinalavam os pintores e cientistas em 1666; e confirmou quase cem anos depois, em 1751, o pintor mexicano Miguel Cabrera”.

O manto de São Juan Diego é feito de fibras de agave (da mesma família botânica que produz o sisal e a iúca, foto embaixo).

O Dr. Orozco relatou mais dois fatos sem explicação científica ligados à conservação da imagem.

O primeiro ocorreu em 1785 quando um trabalhador acidentalmente derramou um líquido que continha um 50% de ácido nítrico na parte direita do tecido.

Está fora do entendimento natural o fato que o ácido não tenha destruído a malha; e que ademais não danificasse as partes coloridas da imagem”, precisou.

Agave: de um pé semelhante ao da foto foi tirada a fibra do manto de São Juan Diego
O segundo relaciona-se com a explosão de uma bomba perto do manto em 1921. A bomba explodiu a 150 metros da imagem e destruiu todos os vidros nesse raio.

Entretanto, explicou o perito, “nem o manto nem o vidro comum que a protege foram danificados ou quebrados”. O único afetado foi um Cristo de ferro que terminou dobrado.
Não há explicação para o fato que as ondas expansivas que romperam os vidros a 150 metros ao seu redor não destruíram o que cobria a manto.

“Alguns dizem que o Filho, com o crucifixo que sim foi afetado, protegeu a imagem de Sua Mãe. O certo é que não temos uma explicação natural para essa ocorrência”, concluiu.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Em defesa da Igreja? Não: em defesa da história!

E se as crenças generalizadas sobre inquisição, Pio XII e Idade Média forem falsas?

Aleteia.
Nem sempre a história da Igreja católica é contada por historiadores, sociólogos e pesquisadores católicos. Nem precisa: o que é preciso é que ela seja contada por historiadores, sociólogos e pesquisadores honestos.
E este é o caso do sociólogo norte-americano Rodney Stark, doutor pela Universidade de Berkeley, que acaba de publicar pela Templeton Press (maio de 2016) mais um livro que desmascara séculos de mentira anticatólica misturada com ideologia: “Bearing False Witness. Debunking Centuries of Anti-Catholic History” (“Falso Testemunho: refutando séculos de história anticatólica”, em tradução livre – o livro ainda não tem versão em português).
Na esteira dos livros recentes de Philip Jenkins (sobre o novo anticatolicismo como “o último dos preconceitos aceitáveis” nos Estados Unidos) e do clássico de Thomas Woods (sobre como a Igreja construiu a civilização ocidental), o texto de Rodney Stark refuta abertamente um sem-fim de acusações contra a Igreja católica.
Para o autor, essas acusações “compõem a versão dominante da história que hoje é ‘ensinada’ em instituições educativas e que é objeto de publicações e produtos culturais de todo tipo”.
Com uma trajetória de importantes postos acadêmicos em sociologia da religião e 38 livros publicados, em particular sobre temas religiosos, o livro de Rodney Stark se destaca por mais um fator de credibilidade: o autor não é católico.
Não sou católico romano e não escrevi este livro em defesa da Igreja”, afirma ele na introdução do texto. “Eu o escrevi em defesa da história”.
A pesquisa de Stark parte do fato de que “todos ‘sabemos muito bem’, pois está estabelecido no que atestam há décadas os livros escolares, que a Inquisição foi um dos episódios sangrentos mais terríveis da história ocidental; que o papa Pio XII era antissemita e que, com toda a razão, foi chamado de ‘papa de Hitler’; que a Idade Média foi uma era escura, que freou o curso do pensamento até ele ser redimido pelo Iluminismo, e que as Cruzadas foram um exemplo temporão da rapinagem do Ocidente, da sua sede de riquezas e de poder”.
Mas será mesmo que isso tudo que “sabemos muito bem” é verdade?
O autor coloca então a pergunta fundamental: e se todas estas crenças são falsas?Os estudos de Stark, feitos rigorosa e cientificamente, documentam como algumas das mais arraigadas ideias da história, que pintam a Igreja católica no extremo do obscurantismo, são apenas uma coleção de mentiras.
Não só isto: são mentiras misturadas com ideologia, interesses de grupos e ódio intelectual ao cristianismo em geral e à Igreja católica em particular; um ódio que, no começo, veio do mundo acadêmico, depois se tornou “patrimônio” da esquerda radical e, por obra dos meios de comunicação de massas, chegou a se transformar, em todo o mundo ocidental, num “preconceito aceitável” – aliás, bem aceito, inclusive pelos próprios católicos desinformados.
No entanto, trata-se de um castelo de cartas que um sopro de informação objetiva, embasada e imparcial derruba diante de qualquer um que queira enxergar.

Diácono Valney

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Um conselho para começar bem o Matrimônio

Um casal pode enfrentar muitos desafios, mas, mais frequentemente do que eles imaginam, será de dentro de seus próprios corações que surgirão os seus maiores problemas.
Por Jonathan B. Coe | Recentemente, um amigo meu, católico praticante, pediu-me para ser testemunha em seu casamento, a acontecer no próximo mês de dezembro. Senti-me honrado, mas imediatamente o ex-pastor dentro de mim — converti-me do protestantismo em 2004 — começou a pensar: "Se eu tivesse meia hora para falar com um casal de noivos cristãos, que conselho eu daria a eles antes de selarem os votos matrimoniais?" Como resultado dessa meditação, escrevi as seguintes linhas, as quais agora publico em primeira mão.
Como alguém que já passou por um divórcio e depois recebeu, alguns anos atrás, uma declaração de nulidade da Igreja Católica, abordo o tema desse sacramento com tremor e consciência de quão frágil pode ser essa união. Figurativamente falando, eu ando, como Jacó, "mancando por causa da coxa" (Gn 32, 32), e o pouco de sabedoria que tenho sobre esse grande mistério, não foi sem sacrifício que o recebi. Capitães do mar que passaram por naufrágios têm histórias pra contar.
Há uma história ligada a G. K. Chesterton repetida tantas vezes que muitas pessoas acreditam que seja verdadeira, ainda que não haja disso nenhuma prova documental. Certa vez, um jornal diário de grande circulação na Inglaterra, London Times, fez uma pesquisa com alguns escritores famosos perguntando-lhes: "O que há de errado com o mundo hoje?". A resposta de Chesterton foi simples:
Prezado Senhor,

Eu.

Atenciosamente,
G. K. Chesterton
Um casal pode enfrentar muitos desafios — dificuldades com os sogros, crises econômicas, questões de saúde —, mas, mais frequentemente do que imaginam, será de dentro de seus próprios corações que virão os seus maiores problemas. A Igreja Católica ensina que "pelo Batismo todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas devidas ao pecado", mas "permanecem no batizado certas consequências temporais do pecado, assim como uma inclinação para o pecado a que a Tradição chama concupiscência" (Catecismo da Igreja Católica, § 1263-1264).
Concupiscência é a herança que recebemos de nossos primeiros pais e que se caracteriza por "transferência de culpa": quando Deus confrontou Adão, este acusou Eva e a mulher, por sua vez, acusou a serpente. O casal que se coloca diante do altar sabendo que os seus maiores problemas emergem de um coração que "é o que há de mais enganador, e não há remédio, quem o pode entender?" (Jr 17, 9), já começa com uma grande vantagem. Essa é uma das razões pelas quais católicos praticantes — e cristãos devotos em geral — possuem taxas significativamente baixas de divórcios. A fé praticada todos os dias lembra o casal da concupiscência permanente e insidiosa contra a qual eles devem lutar, prevenindo-os do erro de ficar trocando acusações mútuas e intermináveis.
O escritor e psicólogo protestante Larry Crabb explica que o principal motor da concupiscência "é o egocentrismo justificado, o egoísmo arraigado que se considera perfeitamente razoável e até aceitável ter, face ao modo como fomos tratados". Faz parte de nosso DNA adâmico. Para exemplificar, o autor conta a história de um amigo que lhe confessou ter cometido adultério, dizendo que "sua mulher não o apoiava nas tensões com que ele tinha de lidar diariamente, a ponto de seu desejo de ser estimado por uma mulher ficar fora de controle". Depois de vários anos aconselhando casais, Larry descobriu que pessoas que traem seus cônjuges geralmente "vêem o seu pecado como se fosse uma 'necessidade' para o bem-estar de sua alma, como se ele fosse algo mais compreensível do que errado".
Sempre que me deparo com algum jovem casal de namorados, luzes vermelhas de alerta se acendem diante de mim. Observando o comportamento que um mantém em relação ao outro, é como se eles dissessem: "Esta pessoa fará todos os meus sonhos virarem realidade"; "Esta pessoa fará de mim a pessoa mais feliz do mundo". Isso faz-me pensar o quanto é importante que as pessoas realmente procurem aconselhar-se com algum bom sacerdote ou alguma pessoa virtuosa de sua confiança, antes de se aventurarem numa empreitada tão séria como é o Matrimônio.
Muitos talvez tenham crescido com significantes necessidades emocionais não correspondidas em suas famílias de origem, e estejam esperando ver esse vazio preenchido por seus futuros cônjuges. Acontece porém que, como escreve C. S. Lewis, nossa espécie foi criada na perfeição do Éden e parao Céu. Portanto, nesta existência decaída, sempre haverá o sentimento de que "algo está faltando", não obstante as inúmeras bênçãos com que sejamos agraciados. Este mundo não é o bastante.
Por causa desses fatores, nosso futuro cônjuge pode acabar se tornando um ídolo. Podemos cair na ilusão de que o outro seja capaz de saciar todas as nossas necessidades não correspondidas. Real e infelizmente, as pessoas fabricam para si deuses muito ruins. Se eu tivesse meia hora com um casal de noivos, eu os encorajaria a trabalharem duro em duas coisas: (1.º) Seja tão feliz o quanto puder independentemente do seu futuro cônjuge. As quatro maiores fontes de felicidade para o homem são a sua fé, a sua família, os seus amigos e o seu trabalho. Maximize, portanto, a sua felicidade pessoal nessas áreas e, então, (2.º) volte-se para o seu companheiro com uma agenda para servi-lo. Seja proativo em identificar quais são as necessidades dele ou dela e viva a Paixão de Cristo no seu relacionamento — isto é, encarne a humildade e o amor sacrificial pelo outro, ainda que você não esteja "a fim".
A Missa é um "tutorial" de como fazer isso: nela, todos os domingos, o sacrifício de Cristo na cruz é representado e renovado por nós. Se as duas partes em um relacionamento imitarem essa entrega, não só estarão começando muito bem o sacramento do Matrimônio, como deixarão uma profunda mensagem contracultural à nossa civilização, tão marcada pelo narcisismo. Como já dito, trata-se apenas de um bom começo, mas, como os pães e os peixes daquele menino do Evangelho, Cristo pode muito bem multiplicá-los, saciar a multidão e ainda fazer restarem doze cestos cheios de sobras — e essas, por sua vez, nós as podemos distribuir a todos os viandantes fatigados e famintos que encontrarmos ao longo do caminho.
Diácono Valney

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Cardeal alerta ante possível “conquista islâmica da Europa”

    Cardeal Christoph Schönborn. Foto: ©Mazur via catholicnews.org.uk
Portal Católico.

VIENA – O Arcebispo de Viena (Áustria), Cardeal Christoph Schönborn, alertou sobre uma possível “conquista islâmica da Europa”, no último dia 11 de setembro, enquanto celebrava uma Missa junto a um grupo de fiéis na Catedral local. O Purpurado disse aos presentes que esse dia se celebrava uma vitória decisiva de uma coalizão cristã sobre o Império turco na Batalha de Viena de 1683. “Há exatamente 333 anos Viena se salvou. Haverá agora uma terceira tentativa de uma conquista islâmica da Europa? Muitos muçulmanos pensam nisso e o esperam”, disse o Cardeal. Estes muçulmanos, indicou o Cardeal, “dizem: ‘a Europa está no seu fim’. Mas acredito que o que devemos nos perguntar sobre a Europa é o que Moisés faz nesta leitura de hoje e o que Deus misericordioso faz pelo filho mais novo: Senhor, dá-nos outra oportunidade! Não esqueças que somos o teu povo como Moisés. Eles são teu povo, tu os salvaste, os santificaste, eles são teu povo”.
O Cardeal Schonborn disse também que a Europa “esbanjou e desperdiçou” a sua herança cristã, como o filho pródigo da parábola que Jesus relata nas Escrituras. “O que será da Europa? ”, questionou o Cardeal antes de concluir a sua homilia com uma oração. “Senhor, não nos abandone! Não abandone esta Europa, que gerou tantos Santos. Não nos abandone, porque nos convertemos em mornos com relação à fé. Tem misericórdia do teu povo, tem misericórdia da Europa, que está quase perdendo a sua herança cristã! ”. 
Ao concluir a sua oração, o Cardeal exclamou: “Tem misericórdia de nós e levanta-nos novamente, pela glória do teu nome e como uma bênção para o mundo! Amém”. 
No dia 11 de setembro de 1683, o rei polonês e supremo comandante da armada da coalizão cristã, John Sobieski III, guiou 18 mil homens a cavalo contra os inimigos turcos e conseguiu vencê-los. A vitória da coalizão polonesa, austríaca, bávara e saxã, além de outras tropas, colocando um fim na expansão do Império turco na Europa. Antes da batalha, o rei polonês, católico devoto, confiou seu reino à Virgem Maria, na devoção de Nossa Senhora de Czestochowa, muito querida de São João Paulo II.

Diácono Valney

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Natividade da Virgem Maria: um vídeo sobre o local onde Mamãe nasceu!

Aleteia.

Em 8 de setembro, a Igreja celebra a Natividade de Maria, o nascimento de Nossa Senhora.
A ela dedicamos o compartilhamento deste breve vídeo produzido pela Custódia da Terra Santa, mostrando o lugar onde, segundo a tradição, teria nascido a Santíssima Virgem!
Feliz aniversário, Mamãe!
Veja o vídeo:


Diácono Valney

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Desastres naturais: um castigo divino?

Furacões, terremotos, inundações… Eles acontecem por causa dos pecados humanos? Eles são “obra de Deus”?


Foto: © FILIPPO MONTEFORTE / AFP
Portal Católico.
Milhões de pessoas inocentes sofrem os efeitos de acidentes ou desastres naturais. Não sabemos a razão pela qual Deus permite os desastres naturais, mas Ele não é indiferente ao sofrimento. Sabemos que, no começo, Deus criou a natureza e a abençoou. Quando Adão e Eva pecaram, o mal entrou no mundo e esta desordem também afetou a natureza (criando a possibilidade de que haja desastres naturais). As catástrofes não são “obra de Deus” no sentido de queridas por Ele como tais. Inclusive nestas situações de desastre, o sofrimento de Cristo está unido ao das pessoas, porque Jesus tenta levar todos até Ele.
 Muitas pessoas sofrem quando as catástrofes as atingem, incluindo aquelas que nunca cometeram pecados graves ou tiveram más condutas.
 João Paulo II, em sua carta apostólica “Salvifici doloris”, usa a história bíblica de Jó para ensinar que o sofrimento nem sempre é um castigo. Explica que Jó foi atingido por “inúmeros sofrimentos” e que seus amigos diziam que ele provavelmente tinha feito algo mau para merecer isso. Segundo eles, o sofrimento sempre é o castigo por um crime realizado; é enviado por um Deus absolutamente justo e por motivos de justiça.
 “Este, a seu ver – afirma João Paulo II – , pode ter sentido somente como pena pelo pecado; e portanto, exclusivamente no plano da justiça de Deus, que paga o bem com o bem e o mal com o mal”. Acontece a mesma coisa quando as pessoas dizem que as catástrofes naturais são “obra de Deus”.
 João Paulo II diz que a história de Jó demonstra que esta afirmação é falsa. Escreve: “Se é verdade que o sofrimento tem um sentido como castigo, quando ligado à culpa, já não é verdade que todo o sofrimento seja consequência da culpa e tenha caráter de castigo. A figura do justo Jó é disso prova convincente no Antigo Testamento. A revelação, palavra do próprio Deus, põe o problema do sofrimento do homem inocente com toda a clareza: o sofrimento sem culpa. Jó não foi castigado; não havia razão para lhe ser infligida uma pena, não obstante ter sido submetido a uma duríssima prova”.
 Um exemplo do Novo Testamento: Cristo fala desta situação quando 18 pessoas morreram quando uma torre caiu. Ele disse: “E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não” (Lc 13, 4-5). Aqui, Jesus nos recorda que os que sofrem não são necessariamente mais pecadores que os que não sofrem.
 Quando Deus criou a natureza, tudo era bom. Mas quando o pecado entrou no mundo,  também a natureza se viu afetada. A corrupção da criação perfeita por meio do pecado deu espaço aos desastres naturais.
 Antes da queda de Adão e Eva (e, portanto, de toda a humanidade), existia uma harmonia entre o homem, os animais e a natureza, e o homem tinha a tarefa de cuidar da criação. O primeiro capítulo da Bíblica nos conta: “Deus viu tudo quanto havia feito e achou que era muito bom” (Gn 1, 31).
 Quando Adão e Eva cometeram o pecado original, uma das primeiras consequências foi o rompimento desta harmonia. O Senhor disse ao homem: “Porque ouviste a voz da tua mulher e comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer, amaldiçoado será o solo por tua causa. Com sofrimento tirarás dele o alimento todos os dias de tua vida. Ele produzirá para ti espinhos e ervas daninhas, e tu comerás das ervas do campo” (Gn 3,17-18). Deus não ordenou a corrupção da criação nesse momento – como indicaram muitos especialistas –, mas se lamentou pela inevitável consequência de corrupção e de morte que o mal traz consigo. O pecado original não só afeta a alma dos homens e das mulheres, mas também traz desordem ao mundo natural.
 O Catecismo ensina que, então, a harmonia com a criação foi rompida; a criação visível se tornou estranha e hostil ao homem. Por causa do homem, a criação é submetida à “servidão da corrupção” (Catecismo da Igreja Católica, 400).
 Devido à Queda, a natureza já não tem uma ordem perfeita. Apesar de haver muito bem na natureza, também ocorrem desastres, como inundações, furacões e tornados. Tais fenômenos não são diretamente uma “obra de Deus”, mas sim o resultado da imperfeição do mundo natural. Tal imperfeição não vem de Deus, mas do mal. É natural e lógico que as pessoas se horrorizem diante das consequências destes desastres naturais, mas não são obras de Deus, senão que têm sua origem no mal.
 Ainda que Deus não tenha mandado o sofrimento que procede das tragédias e dos desastres naturais, em sua providência, Ele nos convida, por meio do nosso sofrimento, a que nos aproximemos dele – do Deus que não poupou seu próprio Filho, permitindo que carregasse todo o peso do mal em sua crucificação.
 A natureza do mundo mudou com a Queda, mas voltou a mudar com a morte de Jesus Cristo na cruz. Quando Cristo morreu por todos nós, deu-nos a possibilidade de uma vida eterna. Como cristãos, reconhecemos que o sofrimento físico é temporal, mas a separação de Deus tem consequências eternas. O Beato João Paulo II escreveu que o “o homem ‘morre’ quando perde a vida eterna”. O contrário da salvação não é o sofrimento temporal, mas o sofrimento definitivo, a perda da vida eterna, ser rejeitados por Deus; é a condenação.
 Ainda que Deus não mande as catástrofes, o Pe. John Flader explica, em um artigo da versão australiana do “Catholic Weekly”, que o sofrimento produzido neste tipo de acontecimentos pode ser uma oportunidade de receber a graça e, dessa maneira, evitar o sofrimento definitivo da separação de Deus. O Pe. Flader escreve: “Deus permite os desastres naturais porque, em sua infinita sabedoria, sabe que pode ajudar  em seu propósito de atrair almas à vida eterna. Apesar do mal, Deus nos dá algo bom. Além disso, sabemos que ‘tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus’ (Rom 8, 28)”.
 “Sem dúvida – afirma o Pe. Flader –, o bem surge de forma ostensível no imenso sofrimento que se produz em um desastre natural. As pessoas percebem quão frágil é a sua vida e quão incerta é sua existência na Terra; sentem a necessidade de se arrepender dos seus pecados e de se dirigir a Deus com uma oração mais confiante.”
 Todos nós já vimos exemplos de pessoas que mudaram para melhor graças à forma como responderam em circunstâncias terríveis: bombeiros que arriscam suas vidas pela dos outros, famílias que deixam de lado suas diferenças e se unem em épocas de crise, pessoas que aprendem a valorizar a oração acima das coisas materiais que perderam no desastre natural… Em meio ao sofrimento do mundo, existe uma grande oportunidade de recorrer a Cristo e esperar uma felicidade eterna com Ele.
 Nossa própria resposta aos desastres naturais deveria ser a de nos aproximarmos mais do nosso Senhor em nossos sofrimentos e reconhecer que somente nele podemos esperar uma felicidade definitiva.
 Muitos lugares, com diferentes níveis de prosperidade, beleza e prestígio, foram arrasados completamente pelas catástrofes naturais ao longo dos anos. Tais acontecimentos destroem a vida de ricos e pobres e, muitas vezes, fazem que as pessoas reflitam sobre suas prioridades de fé, família, amizade.
 João Paulo II ensinou que Cristo elevou o sofrimento humano ao grau da redenção. Quando sofremos, nós nos unimos ao sofrimento de Cristo, quem, sendo inocente, sofreu a morte pela nossa salvação. Deus está presente nos desastres naturais, não como alguém que manda um castigo, mas como Aquele a quem nos dirigimos quando estas coisas acontecem, e o único que pode nos oferecer uma felicidade eterna. Ele sabe que nós sofremos, assim como Jesus sofreu por nós para poder chegar a um mundo no qual, um dia, todas as coisas se farão novas e as catástrofes não mais existirão.
 Diácono Valney