domingo, 1 de julho de 2012

A situação da Igreja: uma ameaça, uma chance


Recente estudo, apresentado na PUC de São Paulo, dá conta que a cada ano, no Brasil, a Igreja católica perde 1% de seus fiéis. Há gente muitíssimo preocupada com isso. É bom mesmo! Gostaria de partilhar com você, caro Visitante, alguns pensamentos sobre esta realidade.

(1) É necessário, antes de tudo, compreender que parte deste fenômeno é típico de nossa época e, neste sentido, não podemos fazer nada para detê-lo. Pela primeira vez na história humana a população mundial é preponderantemente urbana, vivendo num intenso processo de massificação, desenraizamento cultural e despersonalização e pressionada por uma gama desumanizante de informação. Os meios de comunicação, com sua incrível força de penetração, e o excesso de ideias em circulação desestabilizam os valores das pessoas e das sociedades de modo nunca antes imaginado. Esse fenômeno faz com que se perca o sentido e o valor da tradição. Não faz muito tempo, cada pessoa era situada em relação à sua família à sua comunidade. O indivíduo sabia quem era, de onde vinha, quais seus valores, qual seu universo existencial... Agora, isso acabou: cada um se sente só, numa corrida louca para ser feliz a qualquer custo, iludido, pensando que os valores dos antepassados e do seu grupo só são valores se interessarem a si próprio, individualmente: é verdade o que é verdade para mim; é bom o que realiza meus desejos e expectativas; cada um é a medida do bem e do mal. É triste, mas cada pessoa acha que tem o direito e o dever de começar do zero e "redescobrir a roda", de fabricar sua receita de felicidade, determinando de modo autônomo o que é certo e o que é errado, o que é bom e o que não é. Isto é pura loucura, mas é assim! E lá vamos nós, gritando: "Eu tenho o direito de ser feliz; a vida é minha e faço como eu quero. Eu decido o que é certo e o que é errado..."
(2) No tocante à religião, o homem da sociedade consumista e hedonista do Ocidente não está à procura da verdade, mas sim do bem-estar. A sociedade ocidental já não crê que se possa atingir a Verdade e viver na Verdade. Agora há somente a verdadezinha de cada um, feita sob medida: é "verdade para mim" o que me faz sentir bem, o que resolve minhas necessidades imediatas. Religião não é mais questão de aderir à Verdade que dá sentido à existência, mas sim de entrar num grupo que resolva meus problemas afetivos, emocionais, de saúde e até materiais... Religião não é um modo de servir a Deus e nele me encontrar, mas um modo de me servir de Deus para resolver minhas coisas... Como diz o Edir Macedo, a Bíblia é uma ferramenta para se conseguir aquilo que se quer! Vivam RR Soares, Edir Macedo e companhia...
(3) A urbanização violenta e massificante faz com que as pessoas busquem refúgio em pequenos grupos que lhes proporcionem aconchego e segurança. Por isso as seitas atraem tanto: elas criam um diferencial entre mim e o mundo cão; dão-me a sensação de estar livre do monstro da desumanização, do anonimato, da nadificação...
Veja bem, meu Leitor, que contra esta realidade a Igreja não pode fazer muito. A multidão continuará presa das ideias desvairadas dos meios de comunicação; a busca do bem-estar egoístico continuará fazendo as pessoas buscarem a religião como um refúgio e um pronto socorro e, finalmente, a busca de se sentir alguém, fará as pessoas procurarem pequenos grupos nos quais se sintam acolhidas e valorizadas.

 
D. Henrique Soares.

Diácono Valney

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