Atilio Faoro.
Os pais buscam a Justiça, para suprir a autoridade perdida sobre os filhos“A
educação encontra-se numa encruzilhada: como educar filhos, com os limites e as
restrições próprios do processo civilizatório, sem o exercício da
autoridade?”O alerta vem da juíza da 1ª Vara de Família de Petrópolis
(RJ), Andréa Pachá, que registra a gravidade da crise de autoridade no interior
das famílias brasileiras, em artigo reproduzido na imprensa carioca (O Globo,
22-8-10). No seu artigo, a magistrada constata: “Um fenômeno recente tem
se repetindo com freqüência cada vez maior nas Varas de Família: a busca da
Justiça pelos pais, como forma de suprir sua incapacidade de estabelecer limites
aos filhos. Espera-se que um juiz decida em que escola deve a criança
estudar, quais ambientes que deve freqüentar, que tipo de música pode ouvir ou a
que horas deve voltar para a casa”. Para a juíza, a confusão de papéis e
a falência da família tradicional é evidente. “Verdadeiro paradoxo, pois a mesma
sociedade que brada por menos Estado espera que o Estado interfira justamente
naquelas relações que deveriam ser exclusivamente privadas. Não é com pesar que
se constata a falência da antiga família patriarcal”. Depois de perguntar
“como representar o papel de pai ou mãe sem ônus?” e de afirmar que “não existe
geração espontânea de adolescentes bem educados” Andréa Pachá argumenta:
”Valores éticos, morais e comportamentais não são inatos e devem ser
transmitidos desde a infância pelos pais, que também devem demonstrar que não se
vive em grupo sem ceder à busca desenfreada pelo consumo e pelos prazeres
individuais. A dor e o limite fazem parte. A transferência desta tarefa,
primeiro para a escola, depois para os terapeutas e agora para os juízes não
parece o melhor caminho. O exercício da autoridade não deve ser visto como
ameaça ou retrocesso”.
Diácono Valney
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