sábado, 2 de novembro de 2013

O Céu não é lugar de vadiagem

Por A Catequista em 02/11/2011



penadinho
Diante da morte de alguém, é comum a gente ouvir aquela frase batida: “Bem, ao menos agora ele(a) descansou!”. Certo, é uma tentativa gentil de ver o lado bom das coisas. Porém, o que a Tradição da Igreja nos ensina sobre a morte não tem nada a ver com este conceito de feriado eterno.
Sabe aquela imagem do pessoal lá no Céu fiscalizando a natureza, pulando de nuvenzinha em nuvenzinha, tocando harpa… Esquece! O bicho tá pegando aqui embaixo, imagina se o povo lá ia ficar de braços cruzados?!
No antigo Testamento, podemos ver que Deus ainda não havia revelado aos hebreus que as pessoas permanecem conscientes após a morte. Então, eles imaginavam que os defuntos estavam como que adormecidos.
“Com efeito, os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem mais nada; para eles não há mais recompensa, porque sua lembrança está esquecida.
Tudo que tua mão encontra para fazer, faze-o com todas as tuas faculdades, pois que na região dos mortos, para onde vais, não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria.”
(Eclesiastes 9,5;10)
“Os mortos já não louvam a Javé, nem os que descem ao lugar do silêncio.”
(Salmo 115,17)
Também no Novo Testamento o termo “dormir” é associado em diversas passagens à morte, até mesmo por Jesus: “Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo” (João 11,11). Porém, olhando o Evangelho como um todo, fica evidente que a nossa alma fica bem espertinha lá do outro lado:
  • Na Parábola do Rico e o Lázaro, Jesus mostra a alma desses personagens – um no Inferno e outro no Céu – conversando normalmente (Lc 16,22-24);
  • Na cruz, o bom ladrão recebe a promessa de que, ainda naquele dia, estaria com o Senhor no Paraíso (Lc 23,43);
  • São Paulo diz que deseja morrer para “estar com Cristo” (Fil 1,23);
  • Em sua visão do Apocalipse, São João viu as almas dos mártires, que “clamavam em alta voz” por justiça (Ap 6,9-10).
mj3E aí, depois de morrer, já sabe: é seguir rumo ao Céu, ao Inferno ou ao Purgatório. Quanto às almas do Inferno, destas não vamos tratar agora, pois não fazem parte do tema que queremos abordar: a Comunhão dos Santos.
O termo “santos” não se refere aqui aos que alcançaram a santidade, mas sim a todos os membros do Corpo Místico de Cristo, isto é, da Igreja. Fazem parte deste Corpo:
  • Igreja Militante, que são todos os membros vivos;
  • Igreja Padecente, isto é, as almas que se purificam no Purgatório;
  • e a Igreja Triunfante, que são os santos propriamente ditos, canonizados ou não.
rede de amor e solidariedade entre os membros destas três “igrejas” é a chamada de Comunhão dos Santos.
De modo geral, todos aqueles que creem no Cristo estão, de alguma forma, ligados a Jesus e aos membros da Sua Igreja. É claro que essa união nem sempre é perfeita, e o grau de comunhão de cada um varia conforme a sua vivência da Fé Católica. Uma pessoa que esteja em pecado mortal, por exemplo, participa de modo muito precário desta comunhão. Não vamos nos deter sobre os casos excepcionais (ah, e aqueles que não têm fé no Cristo e na Igreja, como ficam?), veremos isso em outro post.
Os sacramentos são o principal meio pelo qual se estabelece o vínculo sobrenatural entre os vivos e os mortos, como ensina o Catecismo da Igreja Católica:
“§950  A comunhão dos santos é a comunhão operada pelos sacramentos… O nome comunhão pode ser aplicado a cada sacramento, pois todos eles nos unem a Deus… Contudo, mais do que a qualquer outro, este nome convém à Eucaristia, porque é principalmente ela que consuma esta comunhão.”


Nós os vivos devemos viver a caridade: socorrer-nos mutuamente, compartilhando as alegrias e os dons, ofertando os sofrimentos, aceitando as nossas cruzes sem revolta. Além disso, com nossas boas obras, orações e sacrifícios, podemos ajudar o pessoal que está penando no Purgatório a sair de lá mais rapidamente. Assim, você pode fazer o bem e aliviar o sofrimento de uma pessoa que nem conhece e que mora lá na China, ou até mesmo consolar a alma de um falecido.
Por sua vez, os santos e beatos que habitam o Céu podem dar uma mãozinha pra nós aqui na Terra, pois méritos eles têm de sobra! Por isso, um santo que morreu há 1500 anos pode te ajudar hoje a sair da maior roubada, como se fosse o teu camarada mais próximo.
A galera que conquistou a glória está longe de viver uma vida de sombra e água fresca. Tudo indica que Eles trabalham duro junto ao Pai pela salvação de todos, dando continuidade no Céu à missão que exerciam na Terra. Santa Teresinha do Menino Jesus era bem clara sobre os seus planos para a vida depois da morte: “Vou passar o meu céu fazendo o bem na terra!”.
O dia de Finados nos lembra esse mistério maravilhoso: a nossa irmandade em Cristo é tão forte que nem a morte ou a distância podem nos separar.

Diácono Valney

Alpino_joao_paulo_II
No Céu, a rotina de trabalho é puxada. O beato JP II que o diga!



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