De forma simplificada, células-tronco ou células estaminais são primitivas
ou indiferenciadas produzidas durante o desenvolvimento do organismo,
elas dão origem a outros tipos de células. As células-tronco têm a
capacidade de se transformar, num processo também conhecido por
diferenciação celular, em outros tecidos do corpo, como ossos, nervos,
músculos e sangue. É um tipo de célula que pode se diferenciar e
constituir diferentes tecidos no organismo.
As células-tronco são objetos de intensas pesquisas, pois poderiam,
no futuro, funcionar como células substitutas em tecidos lesionados
ou doentes, como nos casos de Alzheimer, Parkinson e doenças
neuromusculares em geral, ou ainda, no lugar de células que o organismo
deixa de produzir por alguma deficiência, como no caso de diabetes.
Onde as células-tronco podem ser encontradas?¹
Elas podem ser encontradas nos embriões. Também podem ser
encontradas em pessoas adultas, tecidos humanos, cordão umbilical
ou mesmo na medula óssea. Várias pesquisas em andamento
sinalizam para a possibilidade de utilização de células-tronco
de adultos no lugar de células embrionárias.
Diferença entre células-tronco embrionárias e células-tronco adultas
embrionárias: a primeira são células indiferenciadas de embrião
que têm potencial para se tornar uma variedade de tipos celulares
especializados de qualquer órgão ou tecido do organismo.
Já as células-tronco adultas são indiferenciadas, encontradas
em um tecido diferenciado (adulto), que pode renovar-se e
produzir o tipo de célula especializada do tecido do qual se origina.
Foto ilustrativa: posteriori by Getty Images
Lei de Biossegurança e a utilização de células-tronco
Na Lei de Biossegurança Brasileira (Lei no 11.105, de 24.03.2005),
um dos pontos mais polêmicos é o da permissão,
dentro de certas condições, da utilização de células-tronco
embrionárias para pesquisas, objetivando a cura de doenças graves,
para as quais a suposta terapia seria a única ou a última esperança.
É importante entendermos que estamos falando de células-tronco
de origem embrionária e para tal pesquisa seria necessária a
supressão, a destruição dos embriões.
Com a aprovação da Lei de Biossegurança no Brasil,
fica permitido o uso para pesquisa e terapia de células-tronco
obtidas de embriões humanos de até cinco dias que sejam
sobras do processo de fertilização in vitro, desde que sejam
inviáveis para implantação e/ou estejam congelados há pelo
menos três anos, sempre com o consentimento dos genitores.
Fica proibido realizar engenharia genética em óvulo,
espermatozoides e embriões humanos; e usar técnicas de clonagem
para produzir embriões humanos, seja para obter células-tronco
(clonagem terapêutica) ou para produzir um bebê (clonagem reprodutiva).
Doutrina da Igreja Católica²
Células-tronco adultas:
A eticidade no uso de células-tronco provenientes de adultos
será menos questionada e mais aceita pela comunidade religiosa.
“O ponto de vista católico prestigia a dignidade da vida humana,
salientando a continuidade da informação vital que existe desde
a fecundação até a pessoa humana plenamente desenvolvida”.
O que devemos buscar nas pesquisas é a utilização de células-tronco
de adultos. Nesse sentido, são bem-vindas as
pesquisas, sendo já muitos os artigos científicos que comprovam
experiências de curas. E o Brasil está muito adiantado em tais
pesquisas que devem ser incentivadas, pois apontam para efetivos
e expressivos benefícios para a população. Quanto a essas
pesquisas, não apresentam problemas para a ética cristã.
Células-tronco embrionárias
Para a Igreja, a utilização de embriões humanos para
pesquisas científicas que promovem a destruição desses
embriões, apresenta os mesmos problemas éticos do aborto.
O embrião humano apresenta a dignidade de pessoa humana
e, assim, deve ser respeitado.
Aprovar uma lei que fere a vida, permitindo o uso de embriões
para retirar deles as células-tronco, terá como consequência
a destruição de uma grande quantidade de vidas humanas
em seu estágio inicial. A liberação de pesquisas com embriões
humanos não muda a compreensão de que a Igreja tem da
dignidade da vida humana em todos os estágios de seu
desenvolvimento, desde os momentos iniciais,
no ventre materno, até os momentos finais da aventura terrena.
A vida humana tem um valor sagrado, ela é inviolável.
Somos criados à imagem e semelhança de Deus.
Tal posição está confirmada pelo Magistério explícito
da Igreja que, na encíclica Evangelium Vitae³, referindo-se
já à instrução Donum Vitae da Congregação para a
Doutrina da Fé afirma: “A Igreja sempre ensinou – e ensina –
que tem de ser garantido ao fruto da geração humana,
desde o primeiro instante da sua existência, o respeito
incondicional, que é moralmente devido ao ser humano
na sua totalidade e unidade corporal e espiritual.
O ser humano deve ser respeitado e tratado como uma
pessoa desde a sua concepção e, por isso, desde
esse momento, devem-lhe ser reconhecidos os direitos
da pessoa, entre os quais, e primeiro de todos,
o direito inviolável de cada ser humano inocente à vida”.
Portanto, não é moralmente lícito utilizar as células estaminais
e as células diferenciadas delas obtidas que sejam,
eventualmente, fornecidas por outros pesquisadores
ou encontradas à venda. Isso porque, para além de
compartilhar, formalmente ou não, a intenção moralmente
ilícita do agente principal, no caso em exame, dá-se a
cooperação material próxima, na produção e manipulação
de embriões humanos, por parte do produtor ou fornecedor.
Em conclusão, resultam evidentes a seriedade e a gravidade
do problema ético levantado pela vontade de estender ao
campo de pesquisa humana a produção e/ou o uso de embriões
humanos, mesmo por motivos humanitários.
Fonte : Canção Nova.